Afinal, quão dependente está a China da tecnologia de IA dos EUA?

1 semana atrás 45

Os Estados Unidos da América (EUA) estão a erguer altas barreiras ao crescimento da China, tentando impedir o seu sucesso. Uma das áreas mais críticas é a Inteligência Artificial (IA), cuja tecnologia americana tem sido afastada do país asiático. Mas, afinal, quão dependente está a China dos EUA?

EUA e China

Ontem, informámos que os EUA planeiam adensar o protecionismo relativamente aos modelos de IA desenvolvidos no país e que alimentam populares chatbots, como o ChatGPT. O objetivo passa por salvaguardar a sua tecnologia de potências como a China e a Rússia.

Contudo, a China tem aconselhado as empresas a evitar tecnologia estrangeira, motivando-as a desenvolverem as suas próprias alternativas, no sentido de fortalecer o país - que tem sido prejudicado pelas medidas impostas por vários governos.

Perante este cenário e as constantes investidas (principalmente, americanas) contra o país asiático, a Reuters tentou perceber, aqui, quão dependente está a China dos EUA em matéria de IA e qual o impacto dos planos da administração de Joe Biden.

Inteligência Artificial (IA)

Primeiro, os modelos de IA da China utilizam tecnologia americana?

Aparentemente, sim. Contudo, a ideia parece passar por desenvolver modelos totalmente chineses, sem depender de tecnologia fornecida por empresas americanas.

Os EUA querem impedir a exportação para a China de modelos de IA patenteados ou de código fechado, cujo software e dados de treino são mantidos em segredo. Contudo, os modelos de código aberto não estão, à partida, abrangidos pela potencial barreira americana.

De qualquer modo, a Academy of Artificial Intelligence chinesa, um laboratório de investigação de alto nível, terá admitido, em março, que a maioria dos modelos de IA chineses desenvolvidos internamente eram, de facto, construídos com base no modelo Llama da Meta e que isso representava um desafio fundamental para o desenvolvimento da IA na China.

Na altura, o laboratório disse ao primeiro-ministro chinês, Li Qiang, que a China "carece gravemente de autonomia" nesta área.

Aliás, em novembro de 2023, a 01.AI, um dos unicórnios de IA mais conhecidos na China, fundado por um ex-executivo da Google, Lee Kai-fu, enfrentou uma polémica, após engenheiros de IA descobrirem que o seu modelo de IA, o Yi-34B, havia sido desenvolvido com base no Llama da Meta.

Apesar desta dependência, inúmeras empresas de tecnologia, como a Baidu, a Huawei e a iFlytek têm estado a trabalhar para desenvolver os seus próprios modelos de IA totalmente próprios. Alguns deles afirmam que as suas propostas podem ser tão capazes como o mais recente modelo GPT-4 da OpenAI em várias áreas.

GPT-4

Depois, qual a posição da China em relação aos modelos de IA dos EUA?

Indo ao encontro do aviso que a Academy of Artificial Intelligence chinesa deixou, as entidades chinesas têm sublinhado a necessidade de o país desenvolver a sua própria tecnologia de IA "controlável". Estas ressalvas surgem, em consonância com uma ordem do Presidente chinês Xi Jinping para desenvolver a autossuficiência tecnológica.

Além disso, o país tem sido proativo na implementação de regulamentos sobre o uso de IA generativa, exigindo que os serviços tenham aprovações governamentais antes de chegarem ao público. Desde janeiro, a China aprovou mais de 40 modelos de IA para utilização pública, e nenhum deles era um modelo de IA estrangeiro.

China e EUA

Segundo a Reuters, o Governo chinês não tem encorajado a utilização de tecnologia de IA americana. Em vez disso, tem procurado motivar as empresas chinesas a trabalharem em tecnologia própria, lembrando-as do fosso que (ainda) separa as suas propostas das americanas.

Esta necessidade de emancipação foi reforçada, em fevereiro, com o jornal estatal China Daily a recordar que o ChatGPT "poderia fornecer uma ajuda ao Governo dos EUA na sua disseminação de desinformação e manipulação de narrativas globais para os seus próprios interesses geopolíticos".

Resumidamente

Apesar de a China ainda depender da IA dos EUA, seja isso em matéria de hardware ou software, e ver nas medidas aplicadas e planeadas um entrave ao seu próprio desenvolvimento, a verdade é que o país parece estar a remar pela independência, procurando desenvolver soluções próprias tão boas, ou mesmo melhores.

Ler artigo completo