"Agora, quem paga?". Economista avisa que fim das portagens tem de ser compensado

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03 mai, 2024 - 07:00 • João Malheiro

João Duque explica que será necessário "aumentar os impostos ou cortar benefícios a alguém". Medida foi aprovada por PS e Chega, com PSD e CDS a votarem contra.

O economista João Duque avisa que o fim das portagens nas ex-SCUT tem de ser compensado de forma orçamental de outra forma.

"Agora, quem paga?", aponta, à Renascença. O especialista refere que a resposta à pergunta "não será fácil de obter", porque "ninguém quer ter o ónus de cortar nada".

O professor catedrático do ISEG explica que para compensar "ou vamos aumentar os impostos ou cortar benefícios a alguém". "Mais 300 milhões acolá, para coisas que não estavam orçamentadas, mais descida de impostos, mais atualização do subsídio de risco para GNR e PSP... Quer dizer, há limites e as coisas não estão a correr tão bem como no ano passado", avisa.

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"É bom dar boas notícias e é muito desagradável dar más notícias. Mas alguém vai ter de pagar", acrescenta, sugerindo que o Governo tem que perguntar aos partidos que aprovaram o fim das portagens nas ex-SCUT se têm alguma sugestão para compensar este impacto orçamental.

Os deputados aprovaram esta quinta-feira uma proposta do PS para eliminação das portagens nas ex-Scut. PSD e CDS votaram contra.

O diploma socialista contou com o apoio do Chega, Bloco de Esquerda, PCP, Livre e PAN.

João Duque acha "bizarro" que o Governo "tenha de fazer aquilo que não quer" e que "o Parlamento legisle e alguém execute contra a sua vontade".

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O economista defende, contudo, que o Executivo não tenha problemas em avançar com as medidas, para demonstrar que não deixa de governar.

"É, rapidamente, implementar e tirar o benefício. Outros tivemos muitos anos para fazer e não fizeram. Tinham a chamada faca e o queijo. Agora só têm a faca, mas quem tem o queijo sabe fazer", considera.

Numa avaliação mais económica, João Duque refere que a decisão do Parlamento marca "o fim de um princípio de utilizador pagador de um recurso público" e acredita que a medida é aceitável quando não há alternativas às portagens.

"Estamos a penalizar demasiado os portugueses que, não tendo alternativas, estão sempre a pagar para ter acesso a hospitais, a escolas, a tribunais, etc. É um bocadinho duro para quem está afastado de acessos alternativos", conclui.

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