Ameaça de Sanchéz pode ser "estratégia para reforçar apoio popular", diz historiador

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Emissão Renascença | Ouvir Online

28 abr, 2024 - 02:38 • Alexandre Abrantes Neves

José Miguel Sardica não exclui, ainda assim, que este seja um pretexto para Sanchéz sair do governo para o Conselho Europeu - mas, se isso acontecer, o investigador não acredita que haja eleições antecipadas.

O historiador José Miguel Sardica considera que o afastamento de Pedro Sanchéz para refletir sobre uma possível demissão pode ser uma estratégia para reforçar que tem o apoio do povo espanhol.

Este sábado,centenas de pessoas saíram à rua em Espanha, numa demonstração de apoio ao primeiro-ministro e com pedidos para que Sanchéz não concretize as ameaças de se demitir da chefia do governo. Estas manifestações de solidariedade surgem depois de o primeiro-ministro de Espanha ter anunciado que, devido a suspeitas de corrupção e tráfico de influências que envolviam a sua mulher, se ia afastar da vida pública durante alguns dias para ponderar a sua demissão.

Na perspetiva de José Miguel Sardica, historiador e investigador em Política espanhola, os protestos deste sábado poderão ser uma arma para Sanchéz reforçar o seu lugar à frente do executivo espanhol.

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“A manifestação de hoje é um sinal de que Pedro Sanchéz ainda tem apoio. Ele agora fará a leitura que entender. Poderá aproveitar este este voto substantivo – de o povo espanhol estar solidário – para umaposição de força maior perante a justiça ou a direita”, defende.

Ainda assim, José Miguel Sardica não exclui que esta também tenha sido uma forma de o primeiro-ministro espanhol se posicionar na luta pela presidência do Conselho Europeu. Para o historiador, este pode ter sido “um pretexto para Sanchéz sair”, num momento em que “parece que António Costa vai à frente” na corrida para o cargo.

Quanto ao futuro político em Espanha, o investigador em história e política espanhola duvida que o rei Filipe VI eleições antecipadas, no caso de queda do governo – até porque uma nova ida às urnas poderá significar um crescimento da extrema-direita.

“Nada garante que de novas eleições saia uma solução estável, porque o último resultado eleitoral já causou um compasso de espera muito grande. Acho que Filipe VI não quererá isso, também porque, tendo visto o resultado de eleições intempestivamente antecipadas, esse cenário pode trazer um reforço de voto na extrema-direita. Aconteceu em Portugal com o Chega e pode acontecer em Espanha com o Vox”, remata.

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