Australianos manifestam-se contra a violência de género

2 semanas atrás 37

Lukas Coch - EPA

Só este ano na Austrália morreram pelo menos 27 mulheres em episódios de violência de género, o que representa uma média de uma mulher morta a cada quatro dias. Em resposta à recente onda de violência contra mulheres no país, várias cidades australianas foram, este fim de semana, palco de manifestações com milhares de pessoas a exigir leis mais duras contra este flagelo. O primeiro-ministro, Anthony Albanese, classificou esta questão como uma crise nacional e convocou uma reunião urgente para a debater.

Dezenas de milhares de homens e de mulheres juntaram-se em protesto, durante o fim de semana, em várias cidades australianas contra a violência baseada no género. As manifestações foram desencadeadas por um aumento acentuado do número de mulheres assassinadas este ano, estando na maioria dos casos envolvidos homens nos episódios de violência.

“Queremos que o Governo reconheça que esta é uma questão urgente e tome medidas imediatas”, afirmou uma das organizadoras dos protestos em Camberra, Martina Ferrara, citada pela BBC.

Por sua vez, Sarah Williams, do grupo que está a organizar as marchas “What were you wearing?” (“O que é que tinhas vestido?”), disse na televisão estatal ABC que “a Austrália está a viver um tempo de emergência nacional com a violência masculina”.

Até ao dia de hoje, foram registados 27 assassinatos de mulheres no país, número que quase duplicou comparando com o mesmo período do ano passado. O Governo tem rejeitado, contudo, criar uma comissão de combate à violência doméstica.

As manifestações surgem na sequência de um ataque com faca perpetrado por um homem num centro comercial de Sydney que causou a morte de seis pessoas inocentes, incluindo cinco mulheres. A violência de género tem sido, aliás, um tema quente nos últimos anos na Austrália, onde em 2021 dezenas de milhares de cidadãos se manifestaram na sequência de um caso de abuso sexual contra uma conselheira política no Parlamento em Camberra. “A Austrália tem de fazer melhor”
No sábado, o primeiro-ministro do país classificou a violência de género como uma “epidemia” e anunciou através da rede social X que iria participar na marcha na capital do país este domingo porque “uma mulher foi assassinada a cada quatro dias este ano”.

“A violência contra as mulheres é uma epidemia, temos de fazer melhor. Os governos têm de fazer melhor e nós temos de fazer melhor enquanto sociedade. Amanhã caminharei com as mulheres do país para dizer que já chega", escreveu Anthony Albanese.

Durante o protesto de domingo, Albanese admitiu que o Governo precisa de fazer melhor, a todos os níveis, no que toca à violência de género.

“Precisamos de mudar a cultura, as atitudes, o sistema jurídico e a abordagem de todos os governos”, disse na marcha em Camberra. “Não cabe às mulheres, cabe aos homens mudar o comportamento dos homens também”.

Embora os manifestantes exigissem que a violência contra as mulheres se tornasse uma emergência nacional, o governante considerou que não era uma questão para resolver num “mês ou dois”.

“Temos de abordar isto de forma séria. Semana após semana, mês após mês, ano após ano”.

Entretanto, o primeiro-ministro confirmou que foi convocada uma reunião urgente do Gabinete Nacional para a Violência contra as Mulheres, apelando a que os governos de todas as regiões do país se concentrem nas mudanças e em combater este problema.

“A sociedade e a Austrália devem fazer melhor”, disse ainda Albanese no comício No More, organizado pelo grupo de defesa What Were You Wearing.

“Não basta apoiar as vítimas. Temos de nos concentrar nos perpetradores e focar na prevenção”.

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