Como é que a Dacia consegue fazer carros mais baratos?

2 dias atrás 24

Dois dos responsáveis da Dacia e do novo Duster estiveram em Portugal para uma conversa sobre custos de produção e escolhas racionais.

No passado dia 26 de junho, a Dacia convidou a Razão Automóvel para assistir à talk: “Design to Cost”, em Lisboa, onde Elisa Jarier (product manager da Dacia) e Julien Ferry (responsável de projeto do novo Duster), nos contaram quais os segredos da marca para conseguir oferecer a melhor qualidade-preço, ou best value for money.

A realidade, é que a Dacia, uma marca que nasceu do conceito low-cost, está com uma presença no mercado cada vez mais forte, sendo uma das mais vendidas a nível europeu. Apenas nos primeiros cinco meses do ano, a marca vendeu 228 100 unidades, mais 2,5% que no mesmo período homólogo, de acordo com dados da ACEA.

O que nos leva à questão: Como é que a Dacia consegue fabricar automóveis tão baratos, ao mesmo tempo que mantem a sua qualidade e os números de vendas? A resposta não é fácil e está baseada em diferentes pilares.

“Nós oferecemos a resposta certa ao preço certo. Estamos constantemente a redefinir os essenciais de mercado.”

Elisa Jarier, líder de produto da Dacia

Julien Ferry começa por chamar a atenção para o facto de que a “indústria automóvel é uma indústria de volumes”; e para se ser bem sucedido neste mercado é preciso “chegar às pessoas”.

Ou seja, parte do segredo reside em descobrir o que as pessoas querem, o que os clientes querem: “sempre que adicionamos algo a cada automóvel precisamos de perceber que vantagem vai trazer para o cliente. Não para o mercado e não para o engenheiro.”

Mas não só, Ferry chama também a atenção para o facto de que é importante ter sempre a noção de que não estão sozinhos no mercado. “É necessário sermos transparentes na indústria automóvel.”

Redução de custos, segundo a Dacia

Na talk a Dacia deu alguns exemplos específicos de estratégias que utiliza para cortar os custos, começando pela plataforma. A CMF-B, como é designada, é utilizada em aproximadamente oito modelos, incluíndo o futuro Bigster. E até ao ano 2030, a previsão é que existam cerca de dois milhões de automóveis em circulação com esta mesma plataforma.

“Nós não temos medo da competição.”

Elisa Jarier, líder de produto da Dacia

No entanto, não é só a plataforma que faz a diferença. Como Jarier explica, envolver os designers desde cedo no processo, foi outra das estratégias que a Dacia encontrou para cortar nos custos.

Desta forma, os produtos são desenhados desde o início com a mentalidade design to cost; o que se traduz em soluções estilísticas com formas e cortes simples, sem depreciar, no entanto, a qualidade.

Assim, e de acordo com a líder de produto da Dacia, é dada prioridade aos componentes com os quais o cliente tem um contacto direto mais frequente e o novo Duster é o exemplo disso.

Por exemplo, neste modelo, foi utilizada a técnica cast forming (moldagem por fundição), em vários elementos de decoração, uma vez que é “muito envolvente em termos de cores, com bons padrões e utilizando sempre a mesma ferramenta.”

Durante as Dacia Talks no entanto, descobrimos mais ideias destinadas a minimizar os custos de produção além cast forming. Há soluções que “desde que sejam pensadas para o cliente”, também conseguem representar custos mais reduzidos. Por exemplo, as funções de ajuste dos assentos.

“Normalmente, nos assentos dos carros temos diferentes ajustes. Porquê? O único ângulo que precisamos é sentarmo-nos bem.”

Julien Ferry, Vehicle Global Leader da Dacia

No final, o montante que a Dacia consegue «poupar», pode ser investido noutros componentes de cada modelo e que a marca considera prioritários, como é o caso do ecrã central de comando tátil.

Dacia Spring 2024© Dacia Dacia Spring

Tanto Ferry como Jarier, chamaram ainda a atenção para o facto de esta não ser uma fórmula linear, que possa ser aplicada a todos os modelos, uma vez que vai sempre depender das necessidades do cliente.

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Em que modelo da Renault se baseava o primeiro modelo da Dacia?
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