Esta semana, um grupo de políticos europeus enviou uma carta aberta aos congressistas norte-americanos, pedindo a continuação da ajuda dos EUA a Kyiv, no momento em que o plano norte-americano de financiamento de emergência para apoiar o esforço de guerra da Ucrânia está bloqueado no Congresso em Washington.
A carta -- que foi subscrita por dezenas de políticos e parlamentares europeus, incluindo o presidente e vice-presidente da Comissão de Defesa Nacional da Assembleia da República, Marcos Perestrello (PS) e António Prôa (PSD), respetivamente -- salienta a necessidade de a Europa e os EUA não abandonarem a Ucrânia, neste momento decisivo do conflito.
"Sem o apoio decisivo e substancial dos Estados Unidos, a Rússia já poderia ter vencido esta criminosa guerra de agressão contra a Ucrânia. Estamos, portanto, eternamente gratos pelo compromisso generoso do povo americano na defesa da Ucrânia e, portanto, na nossa própria segurança", pode ler-se na carta aberta enviada para o Congresso dos EUA.
Em declarações à Lusa, Marcos Perestrello admite que esta carta se dirige essencialmente a um grupo de congressistas republicanos, que tem obstaculizado a aprovação de novos pacotes de ajuda financeira e militar a Kyiv.
"Trata-se de um grupo de congressistas que tenta agradar ao ex-presidente republicano Donald Trump, que tem manifestado resistência a este apoio à Ucrânia", explicou Perestrello.
O deputado português diz que "só recentemente" se começou "a ouvir líderes de opinião nos EUA a falar da importância que este apoio tem para os interesses estratégicos dos EUA", lembrando que muito do dinheiro dos cofres de Washington acabam por beneficiar a economia norte-americana.
Marcos Perestrello assume que também do lado da Europa tem de haver uma posição mais assertiva para garantir a segurança no continente que agora está em guerra, nomeadamente através do reforço orçamental em Defesa.
"Nos EUA podem dizer isso e têm razão. A Europa tem de fazer um esforço maior. Mas os Estados Unidos também estarão a defender interesses estratégicos, se continuarem o seu plano de apoio", disse o deputado que subscreveu a carta aberta ao Congresso dos EUA.
O documento refere mesmo que os seus subscritores ouviram "as preocupações expressas pelos amigos americanos".
"Durante anos, os líderes americanos, democratas e republicanos, pediram aos europeus que assumissem mais responsabilidade pela sua própria segurança", mas acrescenta que um entendimento entre os dois lados do Atlântico é a fórmula certa para evitar "uma vitória de Putin, que encorajaria os nossos inimigos em todo o mundo".
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