Pedro Costa acusa Câmara de Lisboa de se focar na propaganda

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"Lisboa merece uma câmara ambiciosa, uma câmara que aspira mais e melhor cidade, não um executivo fechado, apenas na procura de uma cidade barata para quem mais pode, fechado na sua competência legal mínima, fazendo o menos possível, com a menor participação de todos os eleitos", afirmou o autarca cessante, numa intervenção da Assembleia Municipal de Lisboa.

Pedro Costa anunciou ao final da manhã de hoje, através de uma carta, a renuncia ao cargo de presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique.

Sem nunca mencionar diretamente o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), que se encontra na Argentina para participar na Feira Internacional do Livro, Pedro Costa acusou a atual liderança do município (PSD-CDS/PP) de ter o seu "foco na propaganda", condenando a cidade ao "marasmo".

"O foco na propaganda não resolverá nenhum problema da cidade, por muito que permita escondê-los, limita-se a condenar Lisboa ao marasmo, que virá nos próximos anos por falta de planeamento", criticou.

Num tom de despedida, o autarca assegurou que o seu sucessor na junta de Campo de Ourique, Hugo Vieira da Silva, irá ter uma "liderança renovada na sua energia, na sua ambição e na sua criatividade".

"A garantia de que Lisboa sabe com quem conta, para uma cidade para todos, enquanto houver autarcas do PS, a governar ou na oposição", sublinhou.

Pedro Costa, membro da Comissão Política Nacional do PS e filho do ex-primeiro-ministro António Costa, desempenhava o lugar de presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique desde 2020, tendo sido reconduzido nas eleições autárquicas de 2021.

Em declarações à agência Lusa, Pedro Costa assegurou que a renuncia ao cargo de presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique se deve à "necessidade de fechar um ciclo e passar o testemunho".

Pedro Costa garantiu ainda que se trata de "uma decisão pessoal e política", que resulta do "desgaste" de 10 anos de exercício autárquico, com "um mandato difícil", inclusive com a pandemia de covid-19 e com "a dificuldade no acesso à informação que têm hoje as juntas de freguesia junto da câmara", sob presidência de Carlos Moedas.

"No momento em que senti que havia quem tivesse melhores condições para continuar o mandato, renunciei ao meu mandato. Acho que é obrigação que devemos ter como republicanos, é permitir a quem está em melhores condições de executar o mandato executá-lo", declarou.

Questionado se a decisão seria a mesma se o PS presidisse à câmara, o socialista afirmou que se o nível de informação fosse o que tem hoje "com certeza que seria a mesma".

"A dificuldade na execução das tarefas e na prestação de contas aos eleitores é independente da cor dos executivos partidários", salientou.

Pedro Costa disse não existir "um assunto específico", mas "dezenas de assuntos" e sublinhou que tem "40 perguntas sem resposta por parte do presidente da câmara".

"Há um silêncio e um desrespeito institucional que tem marcado este mandato" 2021-2025, criticou.

Sobre as próximas eleições autárquicas, daqui a cerca de um ano e meio, o socialista assegurou que não será candidato.

"Não se passa o testemunho para se voltar atrás [...]. Não tenho nenhuma previsão para o meu futuro político, tenho um futuro, irei trabalhar, não tenho nenhuma intenção de me manter na política nos próximos tempos, mas atrás do tempo, o tempo vem, não sei dizer o que é que acontecerá, muita coisa pode acontecer", disse.

"Não sei sequer se algum dia terei vontade de voltar à política", confessou, explicando que "o fecho de um ciclo exige sempre a abertura de um ciclo de reflexão" e reforçando que se mantém na comissão política do PS e está "disponível para ser dirigente do partido".

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