Polícias "desiludidos" prometem regressar aos protestos de rua

3 dias atrás 26

"Desiludido.” Foi desta maneira que Rui Neves, vice-presidente do Sindicato Independente dos Agentes da Polícia (SIAP), descreveu aos jornalistas o estado de espírito das centenas de membros das forças de segurança que se concentraram na porta lateral do Parlamento à espera de entrar para assistir à sessão plenária desta quinta-feira.

O dirigente sindical foi um dos elementos das polícias que conseguiu entrar na Assembleia da República para assistir a grande parte do debate no hemiciclo. Só não assistiu ao chumbo de todos os projetos de lei que previam a valorização das remunerações das forças de segurança.

"O SIAP está, naturalmente, desiludido com o sentido de votação dos representantes da Nação", começou por dizer Rui Neves aos jornalistas.

Perante a frustração do que se passou no hemiciclo, o dirigente do SIAP conclui que "restará, se calhar, ponderar se não será tempo de os polícias regressarem à luta e regressarem às ruas".

Rui Neves foi também dos poucos dirigentes sindicais que esteve nesta concentração fora e dentro do Parlamento. Faz parte do sindicato que não foi convocado pela ministra da Administração Interna para a reunião de dia 9. Mas, se for convocado, lá estará, garante.

Mas também admite que, "se calhar, será tempo de voltar à luta".

Diante as centenas de polícias que hoje se juntaram fora e dentro do Parlamento, Rui Neves atalha e diz aos jornalistas que "não houve nenhum protesto" das forças de segurança.

Esta quinta-feira, as forças de segurança vieram "pacificamente e civicamente, como qualquer cidadão, assistir a um plenário".

Pacífica e serena, assim decorreu, de facto, a concentração dos polícias à frente da porta lateral do Parlamento. A demora na revista, tida como normal por Rui Neves, foi atrasando a entrada das centenas de elementos das forças de segurança no interior do Parlamento e muitos deles só conseguiram entrar já perto das votações dos diplomas.

Essa entrada a conta-gotas foi enervando os polícias que estavam à espera fora do Parlamento. No meio de um calor intenso, diversos agentes das forças de segurança iam assobiando em protesto e gritando "vergonha" na presença das dezenas de jornalistas que ali se encontravam.

Os ânimos ficaram mais tensos apenas uma única vez. Quando diversos deputados e dirigentes do Chega se dirigiram à porta lateral para falarem com as forças de segurança para perceber o porquê do que consideraram a demora na revista e nas entradas.

Enquanto isso, lá dentro, no hemiciclo, o presidente do Parlamento, José Pedro Aguiar-Branco, afastou qualquer ideia de que a PSP que faz o registo de entradas estivesse a "impedir" quem quer que fosse de subir às galerias.

Já perto do final do debate, praticamente todos os polícias ou estavam dentro do edifício de São Bento, enchendo à pinha as galerias do hemiciclo ou se mantiveram pacificamente junto à porta lateral. E muitos deles, em pequenos grupos, foram-se afastando e pura e simplesmente foram embora.

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