Portugal perdeu 10 mil bombeiros em 25 anos (mas profissionais estão a crescer)

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Combate a incêndios

19 set, 2024 - 21:49 • Salomé Esteves

Entre 1998 e 2022, há menos 9.520 bombeiros. Mas a proporção de bombeiros profissionais está a aumentar. O número de bombeiros dedicados ao combate a incêndios rurais no verão também cresceu.

Em 1998, havia 40.541 bombeiros em Portugal. No final de 2022, eram 31.021 os homens e mulheres portugueses com o mesmo estatuto. Os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que hoje há cerca de 10 mil bombeiros a menos do que no fim do milénio.

Em contas mais simples, há um bombeiro por cada 335 portugueses.

Apesar de o cenário parecer negro, os dados também indicam que o panorama pode estar a melhorar. Embora o número total de bombeiros — e o número de bombeiros voluntários — tenha diminuído, são cada vez mais os bombeiros profissionais em Portugal.

De acordo com a mesma fonte, os dados mais recentes mostram que havia, em 2022, 12.332 bombeiros profissionais, mais 4.432 do que em 2011 – ano em que aparecem os primeiros números divididos por categoria. Já os bombeiros voluntários, decresceram, no mesmo período, de 22 mil para 18 mil.

Há ainda outra subida a apontar. Entre 2021 e 2022, os dados mais recentes do INE revelam que houve um aumento de cinco mil bombeiros inscritos. Apesar deste crescimento ter sido transversal às várias faixas etárias, na mais baixa (menos de 26 anos), o número de bombeiros e bombeiras mais do que duplicou.

Em 2024, estavam destacados para o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) 14.155 bombeiros e 3.173 veículos para o período entre 1 de julho e 30 de setembro.

Este número também significa um aumento face ao ano anterior, quando o combate às chamas envolveu 13.891 elementos nos meses de verão.

Quanto a remunerações, este ano um bombeiro voluntário que integre o DECIR recebe 67,30 euros por dia, um valor que representa um aumento de 3,3 euros face ao ano anterior.

Voltando a olhar para o número de efetivos, Portugal já passou por anos, alguns particularmente fustigados por incêndios, em que existiam menos bombeiros do que agora. Em 2017, por exemplo, quando os fogos consumiram mais de 539 mil hectares de área ardida, havia pouco menos de 28 mil bombeiros nas corporações portuguesas.

Os dois anos com números mais baixos de bombeiros registaram-se nos anos da pandemia de covid-19, em 2020 e 2021, com pouco mais de 26 mil.

Quem são os bombeiros portugueses?

As estatísticas — os números são do INE — mostram que o bombeiro português tem um perfil muito claro: é homem, voluntário, completou o ensino secundário e tem entre 26 e 50 anos.

Os voluntários continuam a constituir a vasta maioria das corporações: enquanto pouco mais de 12 mil bombeiros são profissionais, há 18.689 que são voluntários. Nas mulheres, a diferença é mais significativa. As voluntárias são o dobro das bombeiras profissionais. A proporção é de 4.653 para 2.344.

Aliás, na distribuição por sexo, o número de bombeiras voluntárias tem-se mantido constante nos últimos 13 anos, enquanto que os bombeiros voluntários registaram uma queda de cerca de quatro mil operacionais. Por outro lado, o número de bombeiras profissionais mais do que duplicou desde 2011.

Todos os anos — à exceção de 2019 -, grandes incêndios arrastam notícias da morte de bombeiros no combate às chamas.

Incêndios. Três bombeiros morreram em Tábua

Este ano, nos fogos que lavram desde domingo, morreram em serviço três bombeiros, enquanto um quarto morreu de doença súbita. Estes três bombeiros perderam a vida no concelho de Tábua, quando o carro em que seguiam foi consumido pelas chamas.

Ao todo, desde 2010, foram 45 os bombeiros que perderam a vida por consequência direta de incêndios. Desde então, foi em 2013 e 2020 que se perderam mais bombeiros – oito.

Segundo a Liga de Bombeiros Portugueses (LBP), morreram 254 bombeiros em serviço nos últimos 44 anos.

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