Privatizações: muito mais do que um negócio!

1 semana atrás 55

Crises nem sempre são um mau momento para se fazerem negócios, por diversas razões. Primeiro, porque os mais optimistas deixam cair o “S” da crise e iniciam um processo de criação de valor, pois alguém sempre ganha com as crises. Depois, porque existem oportunidades de compra a preços mais baixos.

Afinal, períodos de crise devidos aos demónios da inflação e da desvalorização criam com potencial de alto retorno no longo prazo e na recuperação. Adicionalmente, também porque durante as crises muitas empresas enfrentam dificuldades financeiras e podem precisar liquidar activos a preços mais baixos. Isso pode representar uma oportunidade para as empresas que têm capital disponível ou acesso ao mesmo a preços competitivos.

Por último, o factor mais atractivo a longo prazo seria aproveitar as privatizações para usar os accionistas activistas a melhorar o doing business e, sobretudo, fazer as pontes com as Áfricas, em especial com a África Lusófona. Avançar para as privatizações nas Áfricas, continente “mais negligenciado do planeta”, não é apenas uma oportunidade, mas sim o reconhecimento de factores que fazem desta ocasião um bom business match, norte-sul.

Pois vejamos: a ONU estima que o mundo vai chegar aos 11 mil milhões de pessoas até 2100, na práctica isso significa que, em menos de 30 anos, um quarto da humanidade será africana, e 70% desta com menos de 30 anos. Isso contrasta fortemente com a situação no resto do mundo, onde a população está a envelhecer rapidamente. A idade média da população dos países da União Europeia atingiu os 44,5 anos em Janeiro de 2023.

Faz todo o sentido criar um novo contracto social intergeracional e inter-regional, como advoga o Professor Carlos Lopes, economista e docente especialista em desenvolvimento económico, pois o processo de privatização a ocorrer na África Lusófona, em Angola em particular, é uma chance única de unir os factores produtivos, terra, trabalho, capital e tecnologia, numa combinação win-win. Não está aqui nenhum acto de generosidade, ou altruísmo, mas sim uma real oportunidade de sustentabilidade pelo gigantesco potencial das Áfricas em fazer uma industrialização verde.

Sim verde, limpa! Uma agricultura eficaz com abundância de água, indústrias sem o custo fóssil e à base de sol, água e hidrogénio verde e, mais do que tudo, com o uso de energia positiva jovem ávida por continuar a usufruir do Sol africano em detrimento de uma viagem de morte pelo mar. Privatizar, sim, e já, para dar espaço ao privado de começar a criar valor. Do que estão há espera para iniciar estas pontes?

A autora escreve de acordo com a antiga ortografia. 

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