Secretário-geral do PS lamenta morte de "grande ceramista e pintor"

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"Em meu nome pessoal e do Partido Socialista, manifesto o nosso profundo pesar pelo falecimento de Manuel Cargaleiro, prestando-lhe homenagem e transmitindo à sua família e amigos as mais sentidas condolências", escreve Pedro Nuno Santos numa mesagem colocada no site do PS.

O artista plástico nasceu em 16 de março de 1927 em Chão das Servas, no concelho de Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco.

A sua obra foi fortemente inspirada no azulejo tradicional português, em 1949, ingressou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e participou na Primeira Exposição Anual de Cerâmica, no Palácio Foz, em Lisboa, onde realizou a sua primeira exposição individual de cerâmica, no ano de 1952.

"Ele, que dizia gostar de viver discretamente, deixou a sua marca artística em diferentes suportes, em diversos pontos de Portugal e do estrangeiro. Um painel de azulejos na Costa Amalfitana e a decoração de uma das estações centrais do metro de Paris são alguns exemplos. Paris foi a cidade para onde foi viver na década de 1950, por divergências com o Estado Novo, que o impediu de concretizar o projeto de decorar as paredes da Cidade Universitária, não obstante ter sido o vencedor do concurso", salienta o secretário-geral do PS.

Recorda que o artista integrou nessa altura a Escola de Paris, onde privou com Alfred Manessier, Roger Bissière, Jean Le Moal entre outros, e foi amigo de Vieira da Silva e Arpad Szenes.

"O artista plástico que dizia gostar da pintura dos outros, ao contrário de outros que só gostam da deles, tem fundações e museus em Portugal e Itália. Em Castelo Branco, está sediada a Fundação Manuel Cargaleiro, que acolhe a sua valiosa coleção de pintura e cerâmica. No Seixal tem um museu projetado pelo arquiteto Siza Vieira", escreve o líder do PS.

Pedro Nuno Santos recorda ainda que "em 2022, a Universidade da Beira Interior distinguiu o Mestre com o doutoramento honoris causa. Com esta outorga, nas palavras do reitor Mário Raposo, a UBI reconheceu a honra do agraciado, uma individualidade ilustre pela sua personalidade, pela postura na vida, pela sua obra, saber e sabedoria e pela sua contribuição para a humanidade. Para o feliz, emocionado e largamente premiado pintor, este prémio tem um significado único".

"Parafraseando uma frase de Paul Klee que Cargaleiro cita numa entrevista ao jornal Público - Há linhas de tristeza, linhas de alegria, linhas de felicidade -- podemos afirmar que hoje escrevemos linhas de tristeza pela morte de um grande artista plástico que nos legou muitas linhas de alegria e de felicidade", afirma.

No início de carreira, ainda na década de 1950, recebeu o Prémio Nacional de Cerâmica Sebastião de Almeida, e o diploma de honra da Academia Internacional de Cerâmica, no Festival Internacional de Cerâmica de Cannes, em França, numa altura em que iniciara funções de professor de Cerâmica na Escola de Artes Decorativas António Arroio e apresentara as suas primeiras pinturas a óleo no Primeiro Salão de Arte Abstrata.

Nas décadas de 1960 e 1970, participou em exposições individuais e coletivas e durante este período afirmou-se não apenas como "conceituado ceramista, mas também como desenhador e pintor. Nos anos 1980 começou a explorar a tapeçaria".

"Nome incontornável da cultura portuguesa, Mestre Cargaleiro não foi apenas um grande ceramista e pintor, mas um inovador, com merecido reconhecimento internacional", acrescenta o dirigente socialista.

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