Trabalhadores da Lusa rejeitam acionista "sobre o qual nada se sabe"

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"As ORT da Lusa rejeitam que a única agência de notícias de Portugal tenha como acionista um fundo de investimento estrangeiro sobre o qual nada se sabe", lê-se num comunicado conjunto da Comissão de Trabalhadores, Conselho de Redação, Sindicato dos Jornalistas (SJ), Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços (Sitese) e do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE-CSRA).

Em causa está a venda da Paginas Civilizadas e da Global Media ao fundo de investimento World Opportunity Fund (WOF), com sede nas Bahamas.

Na sequência desta operação, 45,71% da Lusa passaram a ser detidos indiretamente pelo WOF.

Os ORT sublinharam que a Lusa "tem de ter garantida a autonomia, independência e isenção, pelo que o Estado, através do Presidente da República, da Assembleia da República e do Governo e a sociedade em geral devem ser os primeiros interessados em preservar a independência da agência de notícias", sobretudo num contexto em que se precisa "cada vez mais de órgãos de comunicação social fortes".

Para os trabalhadores, a importância da comunicação social e, em particular, da Lusa "não se coaduna com a falta de transparência sobre a propriedade".

Assim, defendem ser fundamental ficar claro quem são os acionistas da empresa, de modo a que possa ser garantido o seu escrutínio.

Por outro lado, consideram que foi perdida uma oportunidade de resolver a questão da propriedade da Lusa, com um reforço da posição do Estado na estrutura acionista da agência.

Em 06 de dezembro, o Global Media Group (GMG) atribuiu o fracasso da venda das suas participações na agência Lusa a um "processo de permanente interferência política", garantindo que a operação financeira "estava totalmente fechada", com o "acordo expresso" do PSD.

"Ao longo do período que duraram as negociações entre o WOF e Marco Galinha, não foram poucas as tentativas de interferência por parte de alguns setores e personalidades políticas, criando e fomentando boatos que visavam descredibilizar o negócio e o próprio fundo de investimento", lê-se num comunicado interno emitido pela Comissão Executiva do GMG.

O Governo anunciou em 30 de novembro que o processo de compra, pelo Estado, de 45,7% da agência Lusa pertencentes à Global Media e à Páginas Civilizadas falhou por "falta de um consenso político alargado".

No dia 22 de novembro de 2023, a Direção Geral do Tesouro e Finanças apresentou, em nome do Estado, "uma proposta formal de aquisição", abrindo um processo negocial "exigente e confidencial", que "incluía a liquidação integral da dívida do grupo Global Media à Lusa".

"No momento atual, não existindo um consenso político alargado, a operação revelou-se inviável", de acordo com um comunicado então divulgado pelo Ministério da Cultura.

Mas, para poder ser concluída, a negociação "esteve sempre associada à existência de um compromisso político alargado uma necessidade que já era reconhecida em agosto e que as atuais circunstâncias políticas só tornaram mais premente", após a demissão do primeiro-ministro, António Costa, e que levou à convocação de eleições antecipadas.

Entretanto, o ministro da Cultura, Pedro Adão Silva, "foi informado da posição do PSD, rapidamente tornada pública em vários órgãos de comunicação social", de que "qualquer decisão `deveria ser tomada pelo próximo governo`".

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