48h após morte na Amadora, "desordem" alastrou por Lisboa (há um detido)

2 horas atrás 17

A morte de Odair Moniz aconteceu na madrugada de segunda-feira, mas passadas 48 horas continua a dar que falar - e a causar distúrbios.

Se a noite de segunda-feira obrigou a uma forte intervenção no Bairro do Zambujal, onde a vítima morava, devido a caixotes do lixo a arder e confrontos, na terça-feira dois autocarros estavam a arder ao final da tarde. Mas não se ficou por aqui: os desacatos alargaram-se a outras zonas da Região Metropolitana de Lisboa.

Houve ainda uma pessoa que foi detida, na terça-feira, no Bairro do Zambujal.

Além do policiamento no bairro do Zambujal, a PSP reforçou os meios em vários locais, concretamente nas denominadas Zonas Urbanas Sensíveis.

Zambujal é um bairro unido no luto por um

Zambujal é um bairro unido no luto por um "grande homem"

A marcha vai discreta até à porta do apartamento no bairro do Zambujal, na Amadora, onde morava Odair Moniz, morto por um agente da PSP na segunda-feira, e aí estaca para cumprir coletivamente o luto por "um grande homem".

Lusa | 19:39 - 22/10/2024

A detenção e os incêndios

O autocarro que ardeu no Bairro do Zambujal ao final da tarde foi totalmente consumido pelas chamas, tendo a Polícia Judiciária sido chamada ao local. Mas com o fogo já extinto com a ajuda dos Bombeiros Voluntários da Amadora, os desacatos alastraram-se para além do bairro da Amadora.

Com o reforço prometido no Zambujal, outros desacatos foram registados em zonas circundantes, nomeadamente, Carnaxide (Oeiras), Casal de Cambra (Sintra) e Damaia (Amadora).

"Há focos de desordem em várias zonas da Área Metropolitana de Lisboa", referiu fonte policial ainda antes da meia-noite.

"Focos de desordem em várias zonas" de Lisboa após morte de homem por PSP

Os desacatos que decorrem desde segunda-feira após a morte de um homem baleado pela PSP espalharam-se hoje à noite a várias zonas de Lisboa, nomeadamente Carnaxide (Oeiras), Casal de Cambra (Sintra) e Damaia (Amadora), adiantou à Lusa fonte policial.

Lusa | 23:59 - 22/10/2024

Em comunicado, a PSP deu também conta de que foi detida uma pessoa por posse de material combustível no Bairro do Zambujal.

Não houve registo de feridos em nenhuma das situações e, ao que "tudo indica", segundo Manuel Gonçalves, chefe da Área Operacional da PSP de Lisboa, os incidentes estão relacionados - mas estão a ser investigados.

Ainda antes das declarações deste responsável, a PSP tinha emitido um comunicado relacionado com o fogo no autocarro no Zambujal, no qual se lia: "Apesar de vários esforços, não foi possível até ao momento detetar e intercetar os suspeitos deste crime violento, tendo, todavia, sido já efetuada uma detenção por posse de material combustível, que indiciava a sua utilização para deflagração de incêndio".

O que se passou em cada uma das zonas?

Foi no Bairro da Portela que ardeu um segundo autocarro, vários caixotes do lixo e também uma viatura ligeira. Houve ainda registo de disparos de tiros, alguns dos quais por parte da Polícia de Segurança Pública, que utilizou balas de borracha e conseguiu entrar no bairro.

No concelho de Sintra foi arremessado um objeto contra a esquadra da PSP de Casal de Cambra, sem causar danos, explicou também fonte policial à Lusa.

Na Damaia houve desacatos em várias ruas, nomeadamente o arremesso de petardos e de pedras na via pública, bem como fogo posto em vários caixotes do lixo.

As primeiras reações - e consequências

O agente da PSP que disparou e causou a morte de Odair Moniz já foi constituído arguido. No meio do clima de tensão, não são apenas as autoridades a apelar à calma, mas também a Câmara Municipal da Amadora, que já ontem disse que acompanhava "de perto" os desacatos ocorridos e pediu que a manifestação agendada para terça-feira fosse "pacífica".

O caso chegou também ao Governo, tendo já a Ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, classificado como "infeliz incidente". A ministra justificou inquérito na Inspeção-Geral para se "saber exatamente o que aconteceu".

"Mandei abrir o inquérito para saber exatamente em termos exaustivos o que aconteceu", disse Margarida Blasco aos deputados da comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

Joacine Katar Moreira foi uma das primeiras vozes a criticar o incidente. A ex-deputada e historiadora teceu, nas redes sociais, comentário sobre a morte de Odair assim como sobre o 'papel' da polícia, vincando que esta "é face e braço do Estado". "Representa o Estado. E o Estado tem o dever de proteger-nos e temos instituições para punir quem não cumpre. O Estado não pode atirar para matar. Justiça para Odair!"

"Justiça para Odair". Katar Moreira: "Estado não pode atirar para matar"

Historiadora e ex-deputada frisou, na rede social X, que "Odair trabalhava num restaurante e tinha filhos para criar. Perdeu-se uma vida, um pai, um filho, um familiar e amigo de tantas e tantos".

Notícias ao Minuto | 08:06 - 23/10/2024

Leia Também: PSP mata suspeito na Amadora: Há inquéritos e desacatos. Que se passa?

Ler artigo completo