As representações das caveiras, as imitações das cicatrizes pintadas na cara e os brilhantes são apenas algumas das caracterizações normalmente respaldadas por fatos pretos que lhes dão um ar misterioso e em alguns casos assustador.
Há 20 e poucos anos, quando comecei a fazer festas em Portugal, recordo-me que quem celebrava o Halloween para além das crianças eram meia dúzia de “gatos pingados”. Existia na terrinha o Dia do Bolinho, o Pão por Deus e outros nomes que iam invariavelmente dar ao mesmo e que recriavam um pouco o “doçura ou travessura” tão famoso nos Estados Unidos. Nas escolas começou-se aos poucos a festejar o Dia das Bruxas e lá iam as crianças mascaradas como se fosse Carnaval mas com adereços das carrancudas que voavam numa vassoura. Com o tempo porém tudo tem vindo a mudar. Não sei se por necessidade de arranjar mais um conteúdo vendável para festas, se pela temática ser do agrado de quem o começou a festejar, o que é facto é que nos dias que correm esta é sem dúvida uma das festas mais concorridas do ano, com eventos um pouco por todo o lado e meio mundo na rua.
Este ano em Lisboa foram vários os acontecimentos nos mais variados espaços, sempre com a mesma temática e a verdade é que do que pude constatar, são cada vez mais as pessoas que se vestem e maquilham a rigor para prestigiar o dress code. Num dos últimos 007, o “Spectre”, as cenas iniciais passam-se precisamente no famoso “Dia de los Muertos” em pleno México. As representações das caveiras, as imitações das cicatrizes pintadas na cara e os brilhantes são apenas algumas das caracterizações normalmente respaldadas por fatos pretos que lhes dão um ar misterioso e em alguns casos assustador. E são muitos os que perdem horas a desenhar meticulosamente caras e corpos para que possam reproduzir da forma mais fiel os seus disfarces, pelo menos foi isso que descortinei pelos sítios onde passei, quer no Jamaica (que está cada vez mais concorrido) e numa festa da produtora “It is what it is” no emblemático Kais também junto ao rio Tejo com a presença do Dj britânico Damian Lazarus.
No Pavilhão Carlos Lopes foi a vez do Brunch! Elektronic comemorar com as Djs Ida Engberg e Deborah de Luca e no Pátio da Galé quem subiu à cabine foi um dos reis do afro-house, Danni Gato. O Halloween Lisbon Festival organizado pela LX Music contou com o Dj e produtor techno alemão SNTS e o holandês DYEN e nas instalações da Estufa Fria coube à Royal Palace organizar uma festa “assustadora e recheada de música” com vários djs das 22h às 06h da manhã. Um pouco por toda a cidade festejou-se a preceito numa tendência que parece ter vindo para ficar.
Para quem já está a pensar no que aí vem deixo aqui uma sugestão. O Vale Perdido está a chegar para a sua segunda edição de 13 a 16 de Novembro com uma programação que merece atenção. Logo no primeiro dia, no Centro Ismaili de Lisboa, a partir das 21h a performance de Tristany Mundu antecede o concerto de Maya Al Khaldi & Sarouna com a participação da Dina Mimi num espetáculo que valerá certamente a pena.