À boleia do infortúnio

3 meses atrás 78

Allez les bleues, allez! Um verso do tema 'Ramenez la Coupe à la maison', mas que traduz o estado de espírito dos adeptos franceses. A França arrancou o Euro 2024 com o pé direito, levando a melhor diante da Áustria (0-1), num jogo pautado pelo grande equilíbrio. Um momento de pura infelicidade acabou por ditar o rumo dos acontecimentos.

Didier Deschamps, técnico habituado ao cheirinho intenso dos títulos, foi responsável por uma alteração deveras surpreendente. Olivier Giroud, o melhor marcador da história da seleção francesa, reservou o seu lugar no... banco de suplentes, em detrimento de Marcus Thuram. A excelente temporada individual do atleta do Internazionale valeu-lhe um bilhete dourado para a posição mais adiantada do terreno. No 4-2-3-1 implementado, o atleta de 26 anos teve uma companhia de luxo, formada por Ousmane Dembélé, Antoine Griezmann e um tal de Kylian Mbappé.

Cabeça a prémio

Também Ralf Rangnick apostou na mesma disposição tática, com Marcel Sabitzer, a principal referência da equipa, a atuar nas costas de Michael Gregoritsch. O camisola '9' assumiu a batuta no último terço, procurando dar sequência às constantes movimentações dos restantes companheiros. Konrad Laimer, médio do Bayern München, tal como é seu apanágio, trouxe consigo uma grande clarividência no capítulo do passe.

Os minutos inaugurais trouxeram logo à tona as valências de ambas as formações. Enquanto os gauleses exploravam, de forma exímia, as transições rápidas, fruto das estonteantes arrancadas de Ousmane Dembélé e restantes intervenientes, os austríacos mostravam uma grande capacidade de pressão e de organização defensiva. A wunderteam, sem medo, jogava olhos nos olhos com o colossal adversário, assumindo as rédeas do jogo. Como tal, os deuses do futebol recompensaram a respetiva equipa com a primeira oportunidade clara da partida.

Após uma belíssima jogada coletiva, Marcel Sabitzer abriu o livro, destruindo a muralha contrária com um subtil toque. O jogador do Borussia Dortmund deixou Gregoritsch numa posição muito vantajosa, mas Mike Maignan, com reflexos felinos, mudou a trajetória do esférico, para total desalento do camisola '11'. No entanto, quem não aproveita as suas chances diante dos bleues, arrisca-se posteriormente a uma desilusão. Foi mesmo isso que aconteceu...

Um segundo tempo passivo

Aos 38', Mbappé, num lance de insistência, desferiu um cruzamento traiçoeiro. Max Wober cabeceou o esférico, mas não com a direção pretendida. Num lance fortuito, o alívio do central seguiu em direção do alvo protegido pelo seu conjunto, apanhando Pentz totalmente desprevenido. A vantagem francesa podia ter sido dilatada no início do segundo tempo, mas o suspeito do costume pecou na hora H. A mais recente contratação do Real Madrid, com uma velocidade atroz, recebeu o passe de Adrien Rabiot na profundidade. Apesar de nenhum dos defesas adversários conseguir replicar a frenética pedalada, o astro não acertou com a baliza. Tinha tudo para fazer bem melhor...

@Getty /

Ambas as nações mostraram muitas dificuldades em queimar linhas e, desta forma, foram escassas as ocasiões flagrantes. A falta de clarividência no último terço foi notória, com as defensivas a apresentarem-se em grande plano. Maignan, até ao apito final, ainda foi obrigado a uma preponderante ação, que reencaminhou os três pontos para a sua equipa. O guarda-redes do Milan saiu rapidamente dos postes para impedir a finalização de Chris Baumgartner. O camisola '19' estava num local privilegiado para atirar a contar. 

Quem não gostou nada dos minutos finais foi Mbappé. O jogador de 25 anos, num choque com um futebolista que vestiu uma cor distinta, saiu com muitas queixas no nariz. Veremos se será uma grande contrariedade para o pupilo de Deschamps. Apito final. 0-1. Vitória tirada a ferros!

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