A derrota não lhes assiste: eis os três invencíveis em Portugal

8 meses atrás 85

O aproximar da passagem de ano e as festividades natalícias costumam ser pretexto para a unificação familiar e o «reforço» nutricional associado às iguarias da época, mas também é a altura ideal para uma retrospetiva desportiva. Com a época praticamente a meio, o zerozero percebeu que apenas três clubes, das distritais à I Liga, se mantiveram invictos: Ponterrolense, Bragança e Tramagal.

Identificado o trio, fomos em busca de alguns dos responsáveis das épocas imaculadas destas equipas com o simples intuito de perceber o contexto que levou a este pitoresco cenário. Nome mais sonantes das opções, o GD Bragança pretende regressar a patamares de âmbito nacional, tal como exigem os seus pergaminhos. Nesse sentido, a conversa com Tony Afonso, dirigente e antigo atleta do clube, combinou com as ambições de um conjunto «demasiado grande» para o futebol distrital. 

«O sucesso deve-se à nossa preparação... pegámos no clube com uma dívida grande»

«Queremos voltar ao Campeonato de Portugal. Não queremos que hajam equívocos, mas sim uma subida clara para todos, que seja demonstrada dentro de campo. Conseguimos a renovação de 10 atletas e, a partir daí, fomos em busca da nossa necessidade, mas sempre a pensar já na próxima época. Temos jogadores que já alinharam no CP. O sucesso deve-se à nossa preparação», dissertou o diretor desportivo dos bragantinos.

Frente ao Carção, o Bragança conseguiu um dos resultados mais expressivos da época (0-6) @GD Bragança

E como se gere a expetativa de uma equipa em constante «ioiô» competitivo entre o quarto escalão e as divisões regionais? Tony não hesitou na explicação de um contexto tão específico como complicado: «Há quatro anos caímos numa crise diretiva, no tempo da Covid. O presidente em função abandonou o clube, deixando uma dívida de cerca de 120 mil euros e, nos anos seguintes, não houve estabilidade financeira. No primeiro ano, com comissão administrativa, pegámos no clube com uma dívida muito grande para a sua dimensão e abdicamos um bocado da parte desportiva, para minimizar custos e pagar o que tínhamos em falta.»

Com os problemas financeiros saldados recentemente, o Bragança vive dias melhores, procurando fixar uma base de «12/13 jogadores de Bragança» como chegou a ter outrora. Por agora, Fabien Capelo e Nuno Silvano são o expoente máximo da ligação entre nativos da cidade e clube: «Recrutávamos três ou quatro jogadores para acrescentar e mantínhamos sempre aquele nível. Estamos a tentar reverter esse ciclo e a dar oportunidade aos jovens, integrando um ou dois todas as épocas, para que, daqui a seis, sete anos, consigamos ter outra vez essa base.»

Num apanhado de jovens jogadores «da terra que estudam», os canarinhos de Trás-os-Montes unem esforços com os restaurantes locais, na coordenação entre a carga horária do setor com os treinos: «A malta de fora [jogadores de fora] trabalha em restaurantes e, como fazem hora de almoço e de jantar, até é mais rentável treinar a meio da tarde. O inverno também é rigoroso e treinar às 19h00 com este gelo tornaria o piso propício a lesões.»

Por agora, as fraquezas têm sido transformadas em força e a época do Bragança é a prova viva do seu fortalecimento. Com dez triunfos noutros tantos jogos, a equipa de Nuno Gonçalves encaminha-se a bom ritmo para regressar ao patamar mínimo que o principal emblema de uma capital de distrito exige.

Do alvo a abater na AF Lisboa ao objetivo maior na Borboleta: «Fazer crescer o clube cada vez mais»

Rumo ao sul do país, contactamos Jaime Bandeira e Wilson Leite, presidente e técnico de Ponterrolense e Tramagal. Sem grandes segredos, o líder do 1º classificado da 3ª Divisão AF Lisboa contou que, com «a espinha dorsal da época passada» e «algumas fragilidades colmatadas» a conjugação tem sido a invencibilidade. Um cenário que não dá margem para grandes deslumbramentos.

«É um campeonato muito competitivo e, além de competitivo pela qualidade dos atletas, tem a agravante de ser tudo muito local. Há mais rivalidade dentro do campo, neste. Como já temos alguns pergaminhos nestas andanças, toda a gente quer ganhar ao Ponterrolense, por ser um clube que tem andado sempre lá em cima», constatou.

Já o treinador do emblema invicto da 2ª Divisão da AF Santarém, é perentório ao afirmar que o objetivo passa por «fazer igual ou melhor que na época passada», depois do recrutamento de «alguns jogadores fundamentais.»

Primeiras escolhas de Wilson Leite no triunfo do Tramagal ante o Vilarense @Tramagal

Como maior dificuldade à confirmação do sucesso desportivo no final da época, Wilson não tem dúvidas que esta reside na gestão da confiança do plantel: «Às vezes temos de assentar os pés no chão, chamar a atenção. Por vezes, [combater] o excesso de confiança de alguns jogadores, para entrar nos jogos e encarar cada jogo como uma final. Não, pensar que o jogo já está ganho», admitiu antes de concluir: «O objetivo é fazer crescer o clube cada vez mais!»

Portugal

Tony Afonso

NomeAntónio Teixeira Afonso

Nascimento/Idade1981-01-17(42 anos)

Nacionalidade

Portugal

Portugal

PosiçãoAvançado

Ler artigo completo