O lamentável episódio de agressões racistas a imigrantes que ocorreu no Porto mostra quase tudo o que está mal nas políticas de imigração. Demasiadas vezes, os imigrantes chegam a Portugal e são deixados ao Deus-dará, entregues a si próprios. Essa impreparação tem-se visto em casos como os jovens timorenses que foram deixados ao abandono, depois de lhes prometerem o sonho português, ou dos imigrantes explorados na agricultura. Essa impreparação conduz, agora, a um caso de intolerável violência.Pelo que se sabe, a vox populi desatou uma ira selectiva e organizada contra os imigrantes, ante a passividade das instituições, aproveitada pela gentalha da extrema-direita.
Os factos de sexta-feira passada não irromperam subitamente do nada. Há antecedentes de violência, relatos de crimes cometidos no espaço público, que deveriam ser rigorosamente investigados e ter tido uma abordagem integrada das forças de segurança e dos tribunais, bem como de outras instituições de acolhimento. Deveria ter funcionado uma lógica preventiva, que evitasse a violência, o que obrigaria a que alguém percebesse que poderia estar ali um barril de pólvora. Sobretudo deveriam ter evtado dar pasto tenro a discursos primários e perigosos, como os do inefável Mário Machado, alimentando a hidra da extrema-direita.
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