A história de Lunin, o herói do Real Madrid: promessa, guerra e número 3

Andriy Lunin, guarda-redes do Real Madrid, foi o herói improvável numa noite em que os merengues confirmaram mais uma presença nas meias-finais da Liga dos Campeões. O guardião ucraniano defendeu os penáltis de Bernardo Silva e Kovacic e carimbou a passagem da equipa de Carlo Ancelotti (1-1). Porém, quando se olha para o percurso deste guardião de 25 anos, é caso para dizer que quem espera, sempre alcança. 

Vinculado ao Real Madrid desde tenra idade - 19 anos - Lunin é o exemplo de que as oportunidades podem demorar, mas acabam por chegar. É só preciso estar pronto para dar resposta. 

Entre três empréstimos, ser o suplente de Thibaut Courtois, a guerra na Ucrânia e a chegada de Kepa Arrizabalaga que o remetia, novamente, para uma 2ª opção, o percurso de Andriy Lunin é a prova de que o futebol é um palco pródigo para heróis improváveis. 

Peso de promessa nas costas

Com formação dividida entre Metalist e Dnipro, Lunin é, desde cedo, visto como uma das grandes promessas do futebol ucraniano e, por isso, não escapou aos radares do Real Madrid.

Em 2017/18, com apenas 19 anos, depois de uma época ao serviço do Zorya, Andriy Lunin mudou-se para a Madrid, com um contrato válido por seis temporadas. 

Porém, sem espaço no plantel de Juan Lopetegui, rapidamente seguiu para outras paragens. Seguiram-se três empréstimos, em três temporadas: Leganés e Valladolid, sempre como segunda opção, e ainda Real Oviedo, no segundo escalão, onde foi opção em metade dos jogos. 

A estreia e o rendimento afetado pela guerra

Chegou 2020/21 e também uma oportunidade séria de ficar integrado no plantel principal dos merengues. Sob as ordens de Zinédine Zidane, Lunin teve finalmente a oportunidade de vestir as cores do Real Madrid, com um único jogo na Copa do Rey e que terminou com a eliminação precoce nos 1/16 de final.

A época terminou apenas com esses 120 minutos oficiais e, na temporada seguinte, já com Carlo Ancelotti, registaram-se mais oportunidades: seis jogos no total, divididos por Copa do Rey, Campeonato e Mundial de clubes. 

Porém, pelo meio, o início da guerra da Ucrânia, país natal do jovem guardião, afetou também o seu rendimento desportivo. Natural de Krasnograd, cidade localizada entre Dnipro e Kharkiv, palcos que todos já ouvimos referência através das notícias sobre a guerra, Lunin teve, naturalmente, dificuldades em lidar com o início da invasão russa, e Ancelotti confirmou isso mesmo em conferência de imprensa. 

«Falei com ele, tanto eu, como o presidente, para mostrar o nosso carinho porque o momento é difícil. A guerra é um horror. Todo o clube quer transmitir-lhe carinho. Evidentemente, ele não tem o espírito de antes, porque tem pessoas perto de Kyiv e está preocupado. Isso afeta-o, mas acredito que os treinos o ajudam a não pensar na guerra», explicou o técnico italiano, em fevereiro de 2022, logo após o início do conflito, que levou Lunin a ausentar-se durante alguns jogos. 

2022/23 premiada com estreia na Champions

Ultrapassada essa fase, Lunin acabou a temporada passada com 10 jogos. Devido a vários problemas físicos de Courtois - questões ligeiras, mas que obrigaram o belga a parar três vezes distintas durante a temporada - Lunin foi tendo oportunidade de se mostrar e chegou mesmo a somar duas presenças na Liga dos Campeões, onde ainda hoje não sabe o que é perder.

O azar de uns é a sorte de outros

A temporada terminou com Thibaut Courtois, mas 2023/24 começou com uma enorme janela de oportunidade para o jovem promissor ucraniano. O internacional belga sofreu uma lesão grave durante a pré-temporada -  rotura de ligamentos no joelho - e abriu caminho para Andriy Lunin assumir as rédeas da baliza merengue. 

Porém, já depois de ter iniciado a época como titular, Lunin voltou a ser remetido para o banco de suplentes, com a chegada de Kepa Arrizabalaga. 

Ainda assim, uma lesão de Kepa, em novembro, voltou a dar oportunidades a Lunin para se chegar à frente. A ausência de Kepa foi de apenas três semanas, mas foi o suficiente para Ancelotti ter dúvidas na escolha do guardião. Ambos somaram presenças intermitentes até janeiro, mas desde daí que Lunin tem sido o responsável pela baliza merengue. 

A cereja no topo do bolo

Titular em todos os jogos desde 27 de janeiro, Lunin tem sido a escolha de Ancelotti e os resultados estão à vista. É que, desde 18 de janeiro, que o Real Madrid não sabe o que é perder um jogo. 

Esta quinta-feira, a prestação individual nas grandes penalidades fez de Lunin o novo herói de Madrid e certamente que todo o percurso das últimas cinco temporadas acabou por fazer sentido para o internacional ucraniano, que também tem ganho minutos na seleção, onde Trubin foi, nos últimos encontros, segunda opção.