A importância de um salário mínimo

9 meses atrás 75

Já todos nos rimos um pouco com a hesitação, a língua travada, a gota de suor a escorrer lentamente da testa de Pedro Nuno Santos quando lhe foi perguntado, em direto na Rádio Observador, qual era o valor do salário mínimo. O problema, como já terão percebido, não é o de o valor ser baixo ou insuficiente. O problema mesmo é que Pedro Nuno Santos não sabia o valor. Nem o do Indexante dos Apoios Sociais.

É claro que é difícil para um político ter os valores todos na ponta da língua (quem não se lembra da rábula do ‘É fazer as contas’ de António Guterres?). E é evidente que não é por saber ou não saber o valor atual do salário mínimo que alguém tem menos capacidade para ser primeiro-ministro.

Mas estes episódios têm tendência para se colar aos políticos e a não os largar até ao fim. Porque mostram, como salientou o jornalista que fez a pergunta a PNS, Rui Pedro Antunes, o distanciamento de quem governa com a realidade de muitos e muitos concidadãos que vivem no mundo real. Fora dos milhares de milhões em apoios à TAP e em contratos da CP. Fora da vida de Monopólio, em que o dinheiro do Estado, sendo de todos, na verdade não é de ninguém.

A falta de resposta de Pedro Nuno Santos pode, pelo contrário, consolidar a sua aura de menino privilegiado, por muito que invoque as senhoras que cosiam as gáspeas dos sapatos na empresa de calçado do pai. Recorda o Porsche de luxo que comprou e tem todo o direito a ter, mas que vendeu porque parecia mal a um político de esquerda. Em 10 de março veremos se a auto-lenda do ministro que “decide”, do “homem que faz” se sobrepõe a estas e outras contradições que ainda estarão por chegar.

Por um momento, ao ouvir aquela entrevista na rádio, ainda pensei que Rui Pedro Antunes ia perguntar a Pedro Nuno se ele sabia quanto custa um litro de leite. Temo o pior pela resposta.

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