"A questão é saber se Kamala será melhor do que Biden nos ''swing states'"

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Augusto Santos Silva

22 jul, 2024 - 00:19 • Hugo Monteiro , João Carlos Malta

Dois ex-ministros dos Negócios Estrangeiros analisam os prós e os contras da saída de Joe Biden e da possível entrada de Kamala Harris. O que ganha e perde o Partido Democrata?

“A questão essencial é saber se ela é melhor do que seria Biden, mesmo fragilizado, em relação ao eleitorado dos chamados “swing states”, portanto, dos estados que oscilam de votação para votação”, prognostica à Renascença o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, sobre o efeito que a substituição de Joe Biden por Kamala Harris pode ter na corrida eleitoral dos EUA.

Estes votos, são na opinião de Santos Silva decisivos na eleição do Presidente, uma vez que nos EUA “é feita indiretamente por um colégio eleitoral e quem tem a maioria num Estado tem por si todos os representantes que esse Estado manda ao Colégio Eleitoral”.

O Presidente dos EUA e até agora candidato dos democratas à eleição de novembro nos EUA, Joe Biden, anunciou este domingo, na rede social X, a desistência da corrida presidencial na qual enfrentava o republicano e ex-presidente, Donald Trump.

Numa carta aberta aos norte-americanos, na rede social X, Biden, de 81 anos, diz que apesar de ser sua "intenção alcançar a reeleição" é do "melhor interesse do meu partido e do país que eu saia e me concentre apenas nos meus deveres presidenciais até ao fim do mandato".

Biden desiste da candidatura à presidência dos EUA e apoia Kamala Harris

Num segundo tweet na mesma rede social, minutos depois, Biden diz que apoia a sua vice-presidente, Kamala Harris, para ser a candidata democrata às próximas eleições.

Quem vota Biden, vota Kamala

O também ex-presidente da Assembleia da República não vê razões para “o eleitorado democrata que ia votar Biden “não vote em Kamala Harris”.

O ex-governante considera ainda que Kamala, se for ela a candidata democrata, será uma “alternativa evidente” ao candidato Donald Trump. “É mulher, é afrodescendente, aliás, de origem asiática também, portanto, é uma confluência, digamos assim, das várias etnicidades que fazem a América. É uma pessoa muito qualificada. Portanto, o contraste será evidente”, descreve.

Mas considera que a questão “é saber se a variável que mais aflige agora os democratas, que é a variável tempo, será gerida de forma eficaz”.

Augusto Santos Silva considera que o desfecho que este domingo se conheceu é resultado de um “conjunto de vozes, umas públicas, outras privadas que se ergueram no sentido de aconselhar o Presidente Biden a renunciar à candidatura”.

“O estado físico dele parecia relativamente frágil, embora se deva dizer que, do ponto de vista dos argumentos e da solidez das posições, Biden continua a ganhar com uma grande distância a Trump. Mas a perceção da fragilidade física, tornou-se dificilmente gerível.

Kamala, a senhora que se segue

No mesmo sentido vai Martins da Cruz, também ele ex-ministro dos Negócios Estrangeiros que considera que a decisão de Biden era esperada, mas não era inevitável, porque Biden já tinha dito várias vezes que não iria desistir.

“Mas tomou a decisão que seria mais esperada no Partido Democrata”, sublinha.

Kamala Harris diz que quer ser candidata e ganhar a Trump

Martins da Cruz diz que o mais natural é que seja mesmo Kamala Harris quem se segue na liderança dos democratas, uma vez que o nome dela já foi votado nas primárias do partido, e além disso conta com quatro anos de experiência como vice-presidente.

“É preciso ver o que as sondagens dizem daqui a três ou quatro semanas. Ela vai ser puxada por Biden e pelo Partido Democrata e tem uma vantagem em relação a Donald Trump que é a de estar na Casa Branca. É o sitio mais bem informado de todo o mundo”, resume.

Trump diz que será ainda mais fácil derrotar Kamala Harris

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