A inovação não poupa custos e a regulação é pesada na Europa, são duas das ideias que atravessou o debate dos banqueiros, na Money Conference que decorreu esta terça-feira em Lisboa.
(E-D) O CEO do Banco Montepio, Pedro Leitão, CEO do Banco Santander Portugal, Pedro Castro e Almeida, o CEO da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, o CEO do Banco Millennium BCP, Miguel Maya, e o CEO do Banco Santander Portugal, Pedro Castro e Almeida, durante o Money Summit, organizado pela EY e Iberinform, junta os CEO dos principais bancos para discutir como vai evoluir a banca, os seguros e os pagamentos. em Lisboa, 05 de novembro de 2024. FILIPE AMORIM/LUSA
Durante a conferência Money Summit, no painel sobre “Inovação e Tecnologia na Banca”, os CEO do Banco Montepio, Pedro Leitão; CEO do Banco Santander Portugal, Pedro Castro e Almeida; CEO da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo; o CEO do Banco Millennium BCP, Miguel Maya; e o CEO do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, puseram a regulação como o “elefante na sala”. Isto numa altura em que o Banco de Portugal decretou que, a partir de janeiro de 2026, os bancos vão ter de constituir uma almofada contracíclica no rácio de capital, que corresponderá a 0,75% sobre a exposição dos bancos ao setor privado não financeiro em Portugal.
Pedro Castro e Almeida, CEO do Santander Totta trouxe o tema para o debate de “Bruxelas ser o Silicon Valley da regulação e Frankfurt ser o Silicon Valley na regulação dos bancos”.
“Enquanto nos Estados Unidos saem três a quatro mil regulações nos Estados Unidos, na Europa saem 15 mil”, disse o CEO do Santander.
“Quando oiço a supervisão a dizer que quer simplificar, tenho algum medo do que vem aí”, disse o banqueiro que trouxe o número de 600 mil milhões de euros que a banca a nível mundial investe em tecnologia, mais de metade vai para regulação.
“A regulação é o elefante na sala”, disse Pedro Castro e Almeida.
O presidente do Banco Montepio concordou dizendo que na instituição que preside 35% da capacidade de investimento em IT (Tecnologia de Informação) e em Dados é consumida por projetos regulatórios.
“Há um custo escondido que é o investimento em tecnologia”, defendeu.
Depois Paulo Macedo salientou que as reservas anticíclicas imobilizam capital com prejuízo para os acionistas e lembrou que atualmente os bancos estão com níveis históricos de capital, ao contrário do tempo das crises passadas.
“Os bancos absorvem esse valor” e a CGD tem capital suficiente”, foi a mensagem deixada pelo CEO da CGD.
O banqueiro defendeu que as reservas de capital são no entanto importantes para o turnaround que alguns bancos fizeram, pois “é mais importante é termos bancos saudáveis”.
“Mas até onde é que se vai” nas exigências de capital, questionou Paulo Macedo.
O CEO do BCP concordou que “a própria regulação cria entraves à criação de valor” e lembrou o fenómeno de deslocação para serviços tradicionalmente bancários para os chamados shadow banks.
Miguel Maya preferiu optar por falar das contribuições para o Fundo de Resolução nacional que os bancos são obrigados a pagar o que é uma fatura que só recai sobre os bancos e filiais de bancos, mas não sobre sucursais de bancos estrangeiros ou fintechs. “Enquanto estiver à frente do BCP não me vou conformar que essa falta de level playing field”, disse o CEO do BCP.
A este propósito Pedro Castro e Almeida lembrou que essa realidade é um incentivo a que as filiais de bancos estrangeiros passem a sucursal para evitar esses custos.
Já Pedro Leitão disse 2% do ROE do Montepio vai para “custos com taxas”.
Em contraposição Paulo Macedo, da CGD, lembrou que “não há só um lado da história”, porque o Fundo de Resolução também vai passar a receber dividendos do Novobanco. “É preciso ter em conta com o que foi devolvido e com o que ainda vai ser devolvido”.
O CEO do BPI, João Pedro Oliveira e destacou que a “inovação não poupa custos, pelo contrário” e que “o regulador está sempre a pedir coisas coisas novas”. João Pedro Oliveira e Costa salientou que o investimento que a banca faz em inovação é para criar segurança.
O banqueiro disse ainda que “é impossível as lideranças de bancos hoje não terem conhecimentos tecnológicos e de inovação, não basta perceber de finanças e de clientes”.