Adam Smith tinha razão? Leituras para enriquecer o regresso das férias

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Sugestões de Leitura

21 set, 2024 - 09:30 • Sandra Afonso

Não prometemos fortunas, sugerimos livros para que aproveite a energia acumulada no verão de forma positiva. Retome o trabalho com ideias novas, estratégias organizadas ou deixe-se inspirar por outras vidas.

Para a reta final das férias ou para a rentrée com novas ideias, sugerimos seis livros com temas variados: para quem está a pensar lançar um negócio, sobre como mudar o trabalho de forma positiva, psicologia comportamental, a necessidade de salvar ou não o capitalismo de si próprio e a história do primeiro milionário da história.

Economistas, historiadores, investigadores, empreendedores, nesta lista encontra autores muito diferentes que (aparentemente) têm em comum o facto de terem escrito um livro. E podem surpreender.

“O Bom Poder – Impulsionar mudanças positivas nas nossas vidas, no trabalho e no mundo”, Ginni Rometty (Actual)

Ter sucesso não tem de estar associado ao fracasso de outros, pelo contrário. No competitivo mundo dos negócios aumenta a retribuição dos que deixam uma marca positiva, seja na empresa e nos colaboradores, seja no meio social envolvente.

Esta é uma dessas histórias, o percurso da primeira mulher a liderar a IBM - considerada pela Fortune uma das 50 mulheres mais influentes no mundo empresarial, durante oito anos consecutivos, e uma das 100 mulheres mais poderosas do mundo segundo a revista Forbes, em 2012.

Em cerca de 300 páginas, Ginni Rometty conta na primeira pessoa os obstáculos que enfrentou e as decisões arriscadas que marcaram o caminho do sucesso.

Sem prepotência, explica como podemos mudar o trabalho de forma positiva, através de cinco princípios: estar ao serviço dos outros; construir confiança; saber o que deve mudar e o que deve permanecer; fomentar boa tecnologia; resiliência.

Mais do que um livro de memórias, este é um testemunho do “bom poder”, de como pode ser exercido para progredir na carreira, inspirar equipas, melhorar as empresas e criar sociedades mais saudáveis. Um poder inclusivo, partilhado e distribuído.

“A minha ideia de negócio vai Funcionar? – Um guia rápido para abrires a empresa dos teus sonhos sem perderes tempo e dinheiro”, Pat Flynn (Alma dos Livros)

Se é daqueles que anda a carregar com o peso crescente do que começou por ser uma “grande ideia” de negócio e já não sabe muito bem o que fazer com ela, não arraste mais. Numa leitura rápida, Pat Flynn faz as perguntas que importam e ajuda-o a chegar a uma conclusão, a decidir se vale a pena levantar voo com este negócio.

Flynn é especialista em marketing digital, tem vários negócios de sucesso e um podcast com milhões de downloads. Não se limita a frases inspiradoras e ideias feitas, reúne nestas páginas inúmeros conselhos práticos e dicas para que os potenciais empreendedores possam organizar e testar a sua ideia.

O livro baseia-se na experiência pessoal do autor e de muitos outros casos práticos, que ilustram cada passo, cada ação que é sugerida, assim como cada alerta. Recorre ainda a imagens e resumos que ajudam o leitor a organizar as ideias e funcionam como um guia, como promete o título.

“Milionário num fim-de-semana – O método incrivelmente simples de criar um negócio de sucesso em 48 horas”, Noah Kagan e Tahl Raz (Ideias de Ler)

Está decidido a avançar com o seu negócio? Infelizmente, ao contrário do que diz o título, a fortuna não está garantida, mas aqui encontra muitos exercícios e dicas para crescer.

É útil para quem está a começar, mas também para quem já arrancou e procura técnicas e formas de melhorar e desenvolver o negócio.

Noah Kagan tem a fama e o proveito do lado dele, como CEO de uma plataforma multimilionária líder em venda de software. Neste livro explica o que fazer para lançar um negócio, em discurso direto e simples, com grafismos e muitos títulos, que quebram sucessivamente o texto.

De leitura rápida, este é mais um manual acessível, para empreendedores sem medo de arriscar e com urgência nos resultados.

“O seu futuro EU – Se conhecesse o dia de amanhã, que escolhas faria hoje?”, Hal Hershfield (Lua de papel)

Se voltasse atrás mantinha todas as decisões que tomou? A pergunta é aparentemente simples, mas nem todos conseguem responder.

Hal Hershfield é investigador e professor de Marketing, Decisões Comportamentais e Psicologia na Universidade da Califórnia. Tem sido distinguido pelo trabalho sobre “o futuro EU”, que decorre de anos de investigação sobre as consequências a longo prazo das nossas decisões.

O autor defende que quatro em cada 10 pessoas mudam de personalidade ao longo da vida e esta mudança pode ser bastante positiva. A psicologia comportamental contribui com várias técnicas que são apresentadas neste livro, em forma de guia.

Numa escrita simples e próxima do leitor, Hershfield vai apresentando várias técnicas que de forma hábil e prática melhoram hábitos e comportamentos. Desde passar a ir ao ginásio ou a lavar os dentes durante os recomendados dois minutos, até “gastar para amanhã”, para não chegar lá sem memórias nem experiências.

O objectivo, é claro, é garantir um futuro melhor, com mais saúde, bem-estar e estabilidade financeira. Ou, nas palavras do autor, tornar o “futuro mais próximo” e o “presente mais fácil”.

“O Valor de Tudo: Fazer e Tirar na Economia Global, Mariana Mazzucato (Temas e Debates)

Elogiada pelo Papa Francisco e admirada por Bill Gates, Mariana Mazzucato é uma referência na economia atual. A italiana rompe com teorias dos “velhos do Restelo”, como Hayek ou Milton Friedman, e defende a mudança radical do capitalismo.

Segundo o jornal The New York Times, Mazzucato é uma “economista de esquerda com uma nova história sobre o capitalismo".

Em entrevista à BBC, a economista defendeu que o capitalismo está em crise, em três frentes: na saúde, no plano económico e ao nível ambiental. A economia deve servir as pessoas e não o contrário.

Para Mazzucato, o lucro e o mercado já não podem organizar a vida e a produção. É preciso investimento público, planeamento e redistribuição global da riqueza.

Neste livro, talvez um dos mais polémicos da autora e uma recomendação da arquiteta Helena Roseta em entrevista ao programa da Renascença Dúvidas Públicas, Mazzucato afasta-se claramente de Adam Smith.

A italiana recupera a discussão sobre o que produz valor e o que apenas beneficia dele, uma distinção que mina o capitalismo e enfraquece o sistema económico. Onde Adam Smith viu prosperidade, Mazzucato encontra agora desigualdade.

A economista distingue o capitalismo industrial, que produz, do capitalismo financeiro, que se aproveita dos ganhos de outros. Critica ainda a atribuição de valor pelo preço, quando devia ser o contrário.

Uma crítica ao capitalismo ou um protesto contra a austeridade e a banca? Avalie o leitor.

“Adam Smith tinha razão – Apenas a liberdade económica pode vencer a pobreza”, Rainer Zitelmann (Actual)

Nem todos estão preparados para descartar já os clássicos, como demonstra Rainer Zitelmann neste livro.

Na segunda tese de doutoramento, Zitelmann analisou a psicologia dos super-ricos, um trabalho que lhe terá permitido chegar a este livro, dedicado à população que vive no outro extremo, em pobreza.

Segundo o investigador, “apenas uma sociedade que permita às pessoas tornarem-se ricas e que tenha uma atitude positiva em relação à riqueza poderá vencer a pobreza”.

Uma conclusão “aparentemente paradoxal”, admite o autor, que sustenta esta teoria em dois países: Polónia e Vietname. Em comum têm o facto de terem sido palco de guerras violentas, onde morreram vários milhões de pessoas, passaram a economias socialistas com governos centrais e os índices de pobreza dispararam. Ainda assim, são países onde há uma atitude positiva sobre a riqueza, os ricos e o capitalismo.

Em cerca de 170 páginas, Zitelmann descreve a pobreza absoluta destas populações e recorre à “Riqueza das Nações” para explicar como superaram a adversidade e garantiram o crescimento.

O autor acredita que na história destes dois países está “a chave para entender como as nações escapam da pobreza”.

“O homem mais rico de sempre – A vida extraordinária de Jakob Fugger, pioneiro do Renascimento, banqueiro de Papas e Imperadores”, Greg Steinmetz (Casa das Letras)

Para não entrar de choque na rotina e ir-se habituando à sobrecarga de informação do quotidiano, sugerimos um mergulho na história do primeiro milionário, de que há registo.

Num tempo em que o poder e a riqueza eram um privilégio da monarquia e da igreja, um plebeu conseguiu reunir uma fortuna, acima dos próprios Médicis – o alemão Jakob Fugger.

Nasceu pobre, no século XV, e morreu com o equivalente a cerca de 2% da riqueza produzida na Europa, no século XVI. Mas tanto dinheiro não lhe terá garantido felicidade, no leito de morte tinha apenas os serviçais.

Segundo o autor, foi o primeiro homem de negócios da era moderna e “os seus métodos abriram caminho a cinco séculos de capitalismo”.

Fugger, neto de camponeses, tornou-se comerciante e banqueiro, conseguiu autorização do Vaticano para cobrar juros sobre empréstimos e exigiu a reis e rainhas a liquidação dos empréstimos, com juros.

Entre outros feitos, Fugger esteve ainda envolvido na origem da Reforma de Martinho Lutero e terá financiado a viagem de circum-navegação de Fernão Magalhães.

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