Administração do Sabadell chumba proposta do BBVA para criar um gigante bancário espanhol

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O conselho de administração liderado por Josep Oliu rejeitou a proposta. Cabe agora ao BBVA decidir se avança com uma OPA ao Sabadell apesar da rejeição da administração da instituição visada, deixando nas mãos dos acionistas a decisão, ou se recua como aconteceu em 2020.

O conselho de administração do Banco Sabadell recusou a proposta de fusão lançada na semana passada pelo BBVA, informou a instituição financeira em comunicado à Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV).

“O Banco Sabadell rejeitou uma abordagem do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria para iniciar negociações sobre uma aquisição”, refere o comunicado.

“Com base na avaliação detalhada da proposta, o Conselho concluiu que ela não atende aos melhores interesses do Banco Sabadell e de seus acionistas e, portanto, rejeitou a proposta do BBVA”, disse Sabadell num documento oficial,

Isto é, a administração liderada por Josep Oliu considera que a proposta subavalia significativamente o projeto do Banco Sabadell e as suas perspectivas de crescimento como entidade independente”.

Cabe agora ao BBVA decidir se avança com uma OPA hostil ao Sabadell apesar da rejeição da administração da instituição visada, deixando nas mãos dos acionistas a decisão, ou se recua como aconteceu em 2020.

A proposta de fusão do seu maior rival, o BBVA, que foi rejeitada tem o valor de 12 mil milhões de euro informou o Sabadell num comunicado enviado ao supervisor da bolsa espanhola.

“O conselho de administração considera que a proposta subestima significativamente o potencial do Banco Sabadell e as suas perspectivas de crescimento autónomo”, afirmou, considerando ainda a oferta como “não solicitada”.

“Além disso, a recente queda significativa e a volatilidade do preço das ações do BBVA aumentam a incerteza quanto ao valor da proposta”, acrescentou.

Na quarta-feira, o BBVA revelou que tinha oferecido um rácio de troca de uma nova ação do BBVA por cada 4,83 ações do Sabadell, um prémio de 30% sobre os preços de fecho de 29 de abril.

O BBVA não esteve imediatamente disponível para comentar à Reuters a resposta da administração do Sabadell.

O conselho de administração do banco espanhol Sabadell  de 14 membros e liderada por Josep Oliu, reuniu-se esta segunda-feira para discutir a proposta do seu maior concorrente, o BBVA, de uma fusão de 12 mil milhões de euros, numa tentativa recente de consolidação do sector bancário do país, avança a Reuters. Pelo que este foi um dia chave na operação BBVA-Sabadell.

Há que ter em conta que dos 14 lugares do conselho de administração do Sabadell, 9 são ocupados por independentes, dado que o banco catalão não tem atualmente um acionista controlador.

Com esta configuração do órgão principal do banco e dos seus acionistas, a decisão de aceitar ou rejeitar a oferta depende de uma combinação de acionistas muito diferentes. Portanto, a decisão tomada pelo conselho na reunião desta segunda-feira pode ser crucial para fazer pender a balança para um lado ou para outro entre os acionistas, tal como sublinha o El Economista.

O Sabadell, que afirmou que o seu conselho de administração iria avaliar a oferta anunciada na semana passada e que contratou o Morgan Stanley e o Goldman Sachs para avaliarem as suas opções, recusou-se a comentar a reunião do conselho de administração nos contatos feitos pela Reuters.

O conselho de administração liderado por Josep Oliu poderia decidir encetar formalmente conversações com o BBVA, e exigir melhores condições ao oferente, ou rejeitar liminarmente a proposta. Optou por esta última.

Segundo o El Economista, entre os administradores do Sabadell havia os que rejeitavam liminarmente a proposta e os que optavam por querer iniciar conversações para renegociar os termos da oferta.

De acordo com fontes consultadas por este jornal, o próprio Josep Oliu está entre os primeiros e defenderá a sua posição com base na capacidade do Sabadell para continuar sozinho no mercado, numa altura em que o banco catalão vive um dos melhores momentos da sua história, e alertando para as consequências que uma tal fusão teria para a concorrência e para a estrutura do sector financeiro em Espanha.

Depois de registar lucros de 308 milhões de euros no primeiro trimestre de 2024, o que representa um aumento de 50% face ao mesmo período do ano anterior, a instituição liderada por Josep Oliu e César González-Bueno mantém um excedente de capital face aos requisitos regulatórios. O que ajuda à liberdade de decidir sobre a fusão proposta pelo BBVA.

Apoiados por taxas de juro mais elevadas e lucros robustos, os bancos europeus estão cheios de liquidez, realça o El Economista.

A combinação do segundo e do quarto maiores bancos espanhóis criaria uma instituição de crédito com mais de 100 milhões de clientes em todo o mundo e um total de ativos superior a 1 bilião de euros, ficando apenas atrás do seu rival Santander.

Com um valor de mercado combinado atual de mais de 67,5 mil milhões de euros, o novo gigante bancário espanhol seria o terceiro maior banco por capitalização bolsista na zona euro.

O banco que resultaria da fusão também ultrapassaria o Caixabank  no ranking da banca em Espanha, com mais de 625 mil milhões de euros em ativos em Espanha, em comparação com os pouco mais de 574 mil milhões de euros do Caixabank.

No dia 1 de maio, o BBVA informou que propôs a oferta de uma nova ação por cada 4,83 ações do Sabadell, o que traduz um prémio de 30% sobre a cotação de fecho do banco mais pequeno em 29 de abril, e que lhe confere um valor de cerca de 2,259 euros por ação ou 12,23 mil milhões de euros.

O acordo proposto daria aos acionistas do Sabadell uma participação de 16% no grupo combinado e, com base nos preços de fecho de 3 de maio de 9,850 euros para o BBVA e de 1,8850 euros para o Sabadell, valeria cerca de 11 mil milhões de euros, com as ações a permanecerem muito abaixo do preço de prémio.

“O mercado não está a dar como certo que o negócio proposto vá para a frente e é por isso que vemos uma diferença entre a oferta e o preço atual das ações do Sabadell”, disse Nuria Alvarez, analista da corretora Renta 4, com sede em Madrid, citado pela Reuters.

As ações do Sabadell fecharam a sessão a subirem 0,24% para 1,89 euros por ação.

Em Portugal quer o BBVA quer o Sabadell estão presentes com uma sucursal.

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