ADN | Chocolate belga está mais amargo, mas ainda tem sabor

4 meses atrás 94

Com o início do Euro 2024 ao virar da esquina, está na altura de conhecer todas as 24 equipas que vão participar no maior torneio de seleções do Velho Continente. Durante os dias que antecedem o pontapé de partida, o zerozero apresenta-lhe o perfil de cada seleção, assim como a sua figura e técnico.

De há uns anos para cá que a Bélgica, com o surgimento de uma grande geração de jogadores, tem sido vista como crónica candidata aos vários títulos internacionais e até tem estado constantemente nos lugares cimeiros do ranking de seleções. Contudo, a verdade é que não houve reais dividendos desportivos daí retirados e o melhor resultado alcançado nas últimas provas foi uma presença nas meias finais do Mundial 2018.

Agora, no entanto, os belgas iniciaram uma nova era, com a saída de Roberto Martínez - selecionador português - e entrada de Domenico Tedesco, mas também com uma forte renovação do que foi o núcleo de convocados dos últimos anos. Há talento e ambição e a Bélgica até pode surpreender, mas as diferenças para o passado são notórias.

Novo desenho, novos intervenientes

Muito mudou na Bélgica com a saída de Roberto Martínez e uma das principais diferenças começa logo pelo esquema tático apresentado. Os belgas «largaram» o 3x4x3 e abraçaram uma linha de quatro defesas, com um desenho próximo do 4x2x3x1, embora maleável em campo. Isto porque, com bola, a ideia passa por ter apenas um médio mais fixo (normalmente Onana), enquanto o seu colega se adianta, criando um género de 4x1x4x1, onde os extremos são vagabundos ofensivos.

É aí que se nota a importância de De Bruyne. O médio do Manchester City é quem manda na orquestra e gere o timing exato dos passes para os colegas mais adiantados, o que permite aos extremos estar em constante movimento e em busca de diagonais, permutando com o avançado, que tem sido Openda. De resto, Openda permite uma velocidade estonteante na frente e essas trocas com os extremos - várias vezes são eles quem surge em zona de finalização -, mas também se nota que a equipa, por vezes, precisa de uma verdadeira referência ofensiva, mais fixa, como tantas vezes é Lukaku.

Bélgica está em renovação @Getty /

Onana é o polvo do meio campo e o companheiro de De Bruyne variará, certamente, consoante o poderio do outro adversário, para dar à equipa mais equilíbrio ou atrevimento ofensivo. Sem De Bruyne, a equipa fica mais carente de iniciativas individuais e é aí que surgem nomes como os jovens Doku, Bakayoko ou Ludebakio.

Outra das principais diferenças surge na pressão. É uma equipa que tenta pressionar altíssimo a construção adversária, ao ponto dos centrais surgirem em posições bastante adiantadas ao irem atrás das suas marcações. Bem feito, é algo que criará dificuldades à larga maioria das seleções no Euro, mas também é algo que poderá ser certamente explorado pelas seleções com mais argumentos e capacidade nessa área.

Isto até porque se nota uma clara diferença entre o meio campo/ataque belga e a sua defesa. Embora tenham o jovem e talentoso Zeno Debast - que está a caminho do Sporting -, os belgas têm uma defesa um nível abaixo dos restantes setores - talvez um dos motivos para Martínez ter insistido na linha de cinco defesas - e nota-se alguma dificuldade na transição defensiva e posicionamento em defesa organizada. É um ponto a ser explorado por seleções fortes na transição e com executantes técnicos mais evoluídos.

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