ADN | Heróis do Mar marcham renovados e ambiciosos

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Com o início do Euro 2024 ao virar da esquina, está na altura de conhecer todas as 24 equipas que vão participar no maior torneio de seleções do Velho Continente. Durante os dias que antecedem o pontapé de partida, o zerozero apresenta-lhe o perfil de cada seleção, assim como a sua figura e técnico.

De há uns anos para cá que Portugal entrou diretamente para o lote de frequentes candidatos e favoritos à conquista de qualquer prova internacional na qual entra e isso ainda ficou mais patente desde a conquista do Euro 2016, em França. Oito anos depois, isso não mudou, até porque falamos de uma das melhores gerações de sempre na Seleção das Quinas.

Diogo Costa, João Cancelo, Rúben Dias, Bruno Fernandes, Bernardo Silva ou Rafael Leão estão, indiscutivelmente, entre os melhores do Mundo atualmente e a estes ainda se juntam talentos emergentes como António Silva, Gonçalo Inácio, João Neves ou Francisco Conceição. Isto para não esquecer o (cada vez mais) histórico Cristiano Ronaldo. As esperanças, e a ambição, são grandes.

Quinas renovadas e olhos no título

Durante a qualificação, Roberto Martínez implementou desde logo uma grande novidade, face ao seu antecessor, Fernando Santos, com a utilização constante de um sistema com três centrais, variando entre o 3x4x3 e o 3x5x2, mediante os momentos do jogo. Contudo, os últimos jogos de preparação trouxeram uma nova faceta, com regresso ao 4x3x3, o que deixa algumas dúvidas sobre a forma como Portugal se apresentará no Euro. De resto, nestes últimos três jogos de preparação da Seleção das Quinas, ambas as opções foram utilizadas, pelo que se espera que ambas sejam hipótese no Euro.

Ao nível de jogo jogado, pelas características dos jogadores portugueses, o 3x4x3 traz claramente maior segurança defensiva e liberta os alas para outro tipo de missões ofensivas, o que abre todo um novo leque de dinâmicas no ataque. Vimos isso na larga maioria da qualificação, mas também no jogo com a Irlanda (3-0). Tem o grande senão de retirar uma posição ao miolo, o que obriga a deixar de fora um dos muitos nomes de grande qualidade entre os convocados, mas a estabilidade é maior e até parece haver dinâmicas de posse e ataque mais atrativas.

Ronaldo em busca de mais história @FPF

Contudo, a verdade é que na maioria dos jogos de preparação para o Euro a opção passou pelo 4x3x3 e, por isso, a aposta mais segura é que, pelo menos numa primeira fase, este seja o desenho de Portugal no arranque da prova. Pelo que vimos nestes últimos jogos, este sistema dá uma maior capacidade de ter bola no miolo, pela adição de um médio extra, até pelas opções que se podem juntar (Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Vitinha,...), quase sempre com um médio de equilíbrio, mais recuado, que até servirá para, defensivamente, voltar à linha de três centrais, em certos momentos (Palhinha o mais capaz disso).

Pela amostra que tivemos, este desenho também obriga a uma maior ginástica ao nível das combinações de jogadores escolhidos. Na sua génese, Roberto Martínez parece procurar que os laterais, mesmo com esta linha de quatro defesas, ofensivamente surjam em posições interiores com frequência, cabendo aos extremos dar largura, especialmente quando falamos de nomes como Pedro Neto ou Rafael Leão. Contudo, nem todas as combinações encaixam na perfeição, como é o caso de Nuno Mendes-Rafael Leão (ambos jogam muito na largura) ou Dalot-Bernardo Silva (falta profundidade). Será necessária essa ginástica tática e mental.

Além disso, a equipa fica mais desprotegida sem bola, especialmente contra possíveis transições rápidas, fruto de Portugal ter, na sua maioria, laterais bastante ofensivos. Isto faz com que o tal médio de equilíbrios ganhe uma importância redobrada e se tenha que alargar no campo bastante mais - João Neves pode ter mais essa capacidade, mas Palhinha perde uma parte do que o torna um médio defensivo de elite com essa «obrigação.»

Martínez tem escolhas a fazer @Rogério Ferreira / Kapta+

Por fim, há a velha questão: quem será a referência ofensiva? Apesar da idade e do contexto em que esteve inserido, Cristiano Ronaldo teve uma época tremenda ao nível de números e tem que ser levado em conta. Contudo, Gonçalo Ramos parece encaixar melhor no estilo que Roberto Martínez procura implementar e é quem, nesta fase da carreira dos dois, melhor encaixa nos outros elementos lusos. Veremos o que pesa mais, mas será importante ter essa referência na frente, seja ela mais fixa (Ronaldo) ou mais trabalhadora (Jota ou Ramos).

Esta é uma seleção portuguesa bem diferente da que vimos, por exemplo, no Mundial 2022 e prova disso é esta mesma incerteza tática - que até pode dificultar a missão de análise dos adversários - e a grande variedade de opções e combinações que podem ser precisas. A incerteza pode, no entanto, trazer momentos de maior aperto e Portugal terá que fortalecer a sua identidade para reforçar o que tanto deseja: é candidato a vencer o Euro!

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