ADN | Hungary games : com fome de ser a surpresa

4 meses atrás 38

Com o início do Euro 2024 ao virar da esquina, está na altura de conhecer todas as 24 equipas que vão participar no maior torneio de seleções do Velho Continente. Durante os dias que antecedem o pontapé de partida, o zerozero apresenta-lhe o perfil de cada seleção, assim como a sua figura e técnico.

Grécia em 2004. Dinamarca em 1992. País de Gales em 2016. Turquia em 2008. Chéquia em 1996... e a lista continua! Por norma, a cada EURO, há um conjunto que alcança mais que o esperado. Em vésperas do começo da competição, a Hungria é candidata a esse estatuto de dark horse.

Passado de altos e baixos

A Hungria, contudo, não estranha as fases mais adiantadas desta prova: terceiro lugar no EURO 1964 e quarto no de 1972; outros tempos - bem dourados, por sinal - numa seleção que, no período pós-Ferenc Puskás, ainda conseguiu adiar o inevitável declínio por algumas décadas.

Ainda assim, o passado recente tem sido bem menos simpático para os húngaros; o EURO 2016 marcou o regresso às fases finais de uma grande competição, desde o Mundial de 1986 - daí em diante, qualificaram-se para os campeonatos da Europa seguintes - ficaram, em 2016 e 2020, no grupo de Portugal.

Hungria 3-3 Portugal, jogo de loucos em 2016 @Global Imagens / Gerardo Santos

Dessa ausência de 30 anos afastada das grandes provas, a Hungria passou de derrotas com o Cazaquistão, Luxemburgo e Andorra, para vitórias convincentes contra a Alemanha e Inglaterra - duas vezes, uma delas por 4-0, a maior derrota inglesa em casa desde 1928. Por isso, o crescendo é evidente.

Agora, correr por fora

De EURO em EURO, chegamos a 2024, onde o 26º classificado do ranking FIFA tem um grupo de jogadores que, com a qualidade bem distribuída pelos diferentes setores, mistura a juventude e irreverência com a experiência. Por isso e por não terem grandes obrigações no torneio, podem ser vistos como a eventual surpresa da prova.

Montados num 3-4-3, a veterania começa a ser avistada logo na baliza. Peter Gulacsi foi o responsável por proteger as redes húngaras durante alguns anos, mas essa pasta já mudou de dono: Denes Dibusz, também trintão, foi titular durante toda a qualificação e deve assumir a titularidade.

Com o intuito de ferir o adversário em transições, Marco Rossi opta por centrais fortes fisicamente, destruidores e seguros no processo defensivo. Nesse capítulo, Willi Orban, defesa do RB Leipzig, é a grande referência e o titular absoluto no trio mais recuado.

Nos laterais, encontramos o primeiro vislumbre de futebol ofensivo. Loïc Nego e, sobretudo, Milos Kerkez, que realizou uma belíssima temporada de estreia na Premier League ao serviço do Bournemouth, têm a capacidade de «ir e vir» durante os 90 minutos e de desequilibrar no ataque.

Se o papel da dupla de miolo é praticamente dedicado ao processo defensivo, na tentativa de tapar os caminhos para o golo, ao trio da frente pertence a tarefa de ferir a baliza adversária. Aí, entra Dominik Szoboszlai, médio do Liverpool, capitão e estrela da Hungria.

Também em temporada - bastante positiva - de estreia na Premier League, Szoboszlai, mais responsável por fazer a ligação entre o meio-campo e o ataque, costuma fazer parelha com outros dois avançados mais experientes, Sallai e Varga, o melhor marcador do campeonato húngaro.

Este estilo de jogo - mais cauteloso, mas sem tirar os olhos da baliza adversária - pode ser perfeito para o grupo onde a Hungria está inserida. Alemanha, Escócia e Suíça; um oponente superior, mas anteriormente batido, um com menos argumentos e outro de valor semelhante. Três jogos, três contextos e um objetivo: passar a fase de grupos. O resto, seja o que for, será encarado de bom grado.

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