"Obrigado Portugal" pela "nova contribuição para a UNRWA", escreveu Philippe Lazzarini numa mensagem dirigida ao ministro dos Negócios Estrangeiros, João Cravinho, na rede social X.
"A sua decisão surge num momento de desafios sem precedentes e apoiará os nossos esforços para reverter o impacto da fome iminente em Gaza e para fornecer serviços vitais aos refugiados palestinos em toda a região", adiantou o comissário da agência da ONU.
"Espero que outros países sigam a sua solidariedade", acrescentou.
Lazzarini respondia ao anúncio feito pelo primeiro-ministro cessante, António Costa, de um reforço de 10 milhões de euros no apoio português à UNRWA, aprovado na quinta-feira em Conselho de Ministros.
O anúncio, divulgado pouco antes de um encontro entre Costa e o secretário-geral da ONU, António Guterres, no âmbito do Conselho Europeu, em Bruxelas, foi reforçado pela garantia de Cravinho de que Portugal "não aceitará a indiferença face à terrível situação humanitária vivida pela população palestiniana" em Gaza.
"Apoiar a UNRWA é a melhor forma de fazer chegar a assistência a quem dela necessita. É urgente que Israel facilite a prestação deste apoio humanitário", assinalou o ministro dos Negócios Estrangeiros na X depois de uma conversa telefónica com Lazzarini.
A resolução do Conselho de Ministros define a contribuição voluntária para reforçar a assistência humanitária na região da Faixa de Gaza e Cisjordânia, reportando à "urgência de garantir que a comunidade internacional permanece mobilizada e que aqueles que são os principais prestadores de ajuda humanitária possuem recursos para assegurar a necessária resposta face à situação de catástrofe na Faixa de Gaza e às suas consequências para a população civil".
A decisão é tomada "em consonância com a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas e expressando forte apoio aos apelos do secretário-geral das Nações Unidas para um cessar-fogo humanitário e o acesso imediato, desimpedido e seguro à ajuda humanitária que é disponibilizada para a população civil na Faixa de Gaza", adianta.
A UNRWA tem sido alvo de acusações ainda não fundamentadas de envolvimento de alguns funcionários nos ataques do movimento islamita palestiniana Hamas, realizado em 07 de outubro do passado, o que levou vários países, incluindo os principais doadores, a suspender o financiamento da organização.
A decisão do Governo português levou o embaixador israelita em Lisboa a mostrar desagrado, afirmando que há "melhores formas de ajudar" o povo palestiniano.
A UNRWA tem "13.000 trabalhadores, dos quais 50% têm um parente em primeiro grau membro de uma organização terrorista, 1.400 são membros de organizações terroristas, 13 dos seus trabalhadores participaram nos ataques terroristas de 07 de outubro" e "durante anos ajudaram o Hamas em atividades terroristas e de incitamento. Existem melhores formas de ajudar o povo palestiniano", escreveu Dor Shapira na rede X.
A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel tem bombardeado a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 31 mil pessoas, maioritariamente civis.
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