Agência da ONU para refugiados precisa de 370 milhões até final do ano

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"Só ao Alto Comissariado da ONU para os Refugiados [ACNUR] faltam 400 milhões de dólares para terminar o ano com o mínimo de recursos necessários, um défice que não se registava há anos, e estamos todos a olhar com muita preocupação para 2024", declarou Filippo Grandi, na sua intervenção de abertura do II Fórum Global de Refugiados, que decorre entre hoje e sexta-feira em Genebra, Suíça.

Num evento que constitui uma oportunidade para os Estados e as partes interessadas, incluindo do setor privado, anunciarem compromissos e contribuições concretas e fazerem o balanço dos desafios que se avizinham, o chefe da agência da ONU para os refugiados lançou "o mais veemente apelo" ao reforço do apoio financeiro, já que, apontou, "infelizmente, o estado do mundo é tal que são necessárias organizações humanitárias fortes".

Observando que "está a desenrolar-se uma grande catástrofe humana na Faixa de Gaza" e lamentando que, "até agora, o Conselho de Segurança não tenha conseguido pôr termo à violência", o responsável da ONU apelou a que, "embora a atenção continue e deva continuar a centrar-se em Gaza", não se perca de vista "outras crises humanitárias e de refugiados prementes", que levam a que haja atualmente a nível global mais de 114 milhões de deslocados.

"A situação dos civis no Sudão e na Ucrânia, incluindo milhões de refugiados e deslocados, exige a nossa atenção e apoio, tal como crises prolongadas como a dos Rohingya, a situação na Síria, no Afeganistão, as lutas em curso na República Democrática do Congo, a crescente insegurança no Sahel, os dramáticos fluxos populacionais nas Américas, no Mediterrâneo e na Baía de Bengala, e muitas outras", elencou.

"A maioria destas crises, como todos sabemos, persiste devido à falta de soluções políticas para os conflitos, a incapacidade de fazer a paz por parte das partes em conflito e dos Estados com influência, cada vez mais combinada com as alterações climáticas e outras emergências. Nestas situações, não podemos negligenciar a nossa obrigação fundamental para com a humanidade e garantir a prestação de proteção e assistência humanitária básica", prosseguiu.

Relativamente à situação na Faixa de Gaza, à luz da ofensiva lançada por Israel contra o Hamas, o alto-comissário apontou que "os acontecimentos que ocorreram em Israel e em Gaza desde 07 de outubro estão fora do mandato do ACNUR", mas sublinhou que, "tragicamente, porém, é de prever mais mortes e sofrimento de civis, bem como mais deslocações que ameaçam a região".

"Não posso abrir o Fórum Mundial dos Refugiados sem antes fazer eco do apelo do secretário-geral das Nações Unidas [António Guterres] a um cessar-fogo humanitário imediato e sustentado, à libertação dos reféns e ao reatamento, finalmente, de um diálogo genuíno que, de uma vez por todas, ponha fim ao conflito e traga verdadeira paz e segurança aos povos de Israel e da Palestina", declarou.

A cidade suíça de Genebra acolhe entre hoje e sexta-feira o II Fórum Global de Refugiados, o maior encontro internacional do mundo sobre refugiados, durante o qual são esperados anúncios de compromissos e contribuições, tanto estatais como privados.

Criado na sequência da ratificação, em 2018, do Pacto Global para os Refugiados, este fórum, cuja primeira edição teve lugar um ano depois, em 2019, em Genebra, foi concebido para apoiar a aplicação prática dos objetivos estabelecidos no pacto, designadamente aliviar as pressões sobre os países de acolhimento, reforçar a autossuficiência dos refugiados, aumentar o acesso a soluções de países terceiros e melhorar as condições nos países de origem.

Celebrado de quatro em quatro anos, e coorganizado pelo ACNUR e pelo governo da Suíça, o fórum constitui uma oportunidade para os Estados e as partes interessadas anunciarem compromissos e contribuições concretas, salientarem os progressos realizados, partilharem boas práticas e fazerem o balanço dos desafios e oportunidades que se avizinham.

É esperada a participação de representantes de Estados, do setor privado, instituições financeiras internacionais, agências da ONU, organizações humanitárias e de desenvolvimento, cidades e autoridades locais, ONG (organizações não-governamentais), organizações lideradas por refugiados, grupos religiosos e outros.

As contribuições para o Fórum Global de Refugiados podem assumir muitas formas, desde assistência financeira, material ou técnica, incluindo locais para reinstalação e outras vias de admissão em países terceiros, permitindo que países com melhores recursos partilhem a responsabilidade pelos refugiados, até medidas para apoiar as comunidades de acolhimento, prevenir conflitos e construir a paz.

As organizações podem comprometer-se sozinhas ou combinar esforços em grupos.

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