Alemanha: eleições em Brandemburgo aliviam pressão sobre Olaf Scholz

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Com eleições gerais marcadas para setembro de 2025, o atual chanceler ainda não garantiu que voltará a ser o rosto do partido dentro de um ano. A vitória em Brandemburgo é, de qualquer modo, uma boa notícia para manter viva a sua carreira política.

Não foi o partido que mais cresceu, mas cresceu: os social-democratas do SPD ganharam as eleições na região de Brandemburgo, estancando aquilo que parecia ser uma sucessão de vitórias dos extremistas de direita da Alternativa para a Alemanha (AfD). E principalmente deram um pequeno ‘fôlego’ político ao chanceler Olaf Sholz, que tem colecionado um impressionante conjunto de derrotas políticas desde que formou governo (no início de dezembro de 2021).

Para os analistas, é uma vitória que precisa de uma explicação adicional. Em primeiro lugar porque a AfD conseguiu instalar-se na segunda posição, tendo sido o partido que mais cresceu. Mas em segundo lugar, e principalmente, a vitória do SPD deu-se porque depois das eleições regionais pedidas no início deste mês, Scholz tomou decisões que pareceram a todos uma ‘cópia’ de posições próximas dos extremistas. O fecho das fronteiras durante seis meses – e ninguém sabe se aquele período será ou não para renovar – foi uma resposta aos anseios de uma população que se diz cada vez mais insegura face à entrada sem controlo de estrangeiros no país. A decisão de Scholz serve de chancela a uma ideia que está longe de ser segura: a insegurança aumenta com o aumento da imigração.

Mas o SPD deve uma parte do seu sucesso a um influxo de votos de vários campos. De acordo com dados citados pela imprensa germânica, os social-democratas ganharam 42 mil votos dos Verdes, mais 27 mil da esquerda e 16 mil de novos eleitores. Além disso, o partido ganhou votos da CDU. No entanto, os social-democratas também perderam 23 mil votos para o BSW (Bundnis Sahra Wagenknecht), o novo partido de extrema-esquerda que se revela como um impressionante fenómeno de popularidade, e 15 mil votos para a AfD.

A CDU sofreu uma pesada derrota política: é agora apenas a terceira força na região. Perdeu principalmente para a AfD (22 mil votos). Além do SPD, os Verdes também perderam para a CDU (cinco mil votos), BSW (quatro mil) e AfD (três mil). O partido de esquerda, o Die Linke, perdeu a maioria dos votos para o BSW: 41 mil votos. Os ex-eleitores do partido de esquerda também migraram para o SPD e para a AfD (seis mil).

O titular regional do SPD, Dietmar Woidke, disse antes das eleições que só continuaria se o seu partido ganhasse e por isso estivesse à frente da AfD – uma ‘chantagem’ que deu resultado. O principal candidato da CDU, Jan Lars Redmann, foi esmagado por essa estratégia. Olaf Scholz está, por esta altura, em Nova Iorque, para participar na Assembleia Geral da ONU. Mas, segundo a imprensa germânica, não contribuiu absolutamente nada para o milagre social-democrata de Potsdam. Pelo contrário: Woidke proibiu expressamente o apoio do chanceler na campanha eleitoral.

A vitória do SPD em Brandemburgo deixa de lado, mas só para já, um debate que iria haver se os social-democratas tivessem sido derrotados: Scholz está em condições de ser candidato do SPD a chanceler nas próximas eleições federais? Mas esse debate sofreu apenas um adiamento. Olaf Sholz é um dos chanceleres com menor apoio popular de que há memória em várias décadas e pode claramente ser um mau elemento para o SPD ganhar as próximas eleições gerais. Recorde-se que essas eleições serão realizadas em 28 de setembro de 2025, segundo já confirmou o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, depois de aceitar uma recomendação do governo federal.

De qualquer modo, e embora a AfD tenha ficado em segundo lugar, o desempenho em Brandemburgo é mais uma evidência da ascensão do partido de extrema-direita no leste da Alemanha – após os seus sucessos na Turíngia e na Saxónia. O facto de a AfD ter sido tão bem-sucedida em Brandemburgo, embora o seu principal candidato, Hans-Christoph Berndt, esteja muito atrás de Woidke e até mesmo atrás de seu oponente da CDU, Redmann, em termos de popularidade, também é um sinal da popularidade do próprio partido. Os numerosos eleitores da AfD aparentemente não são dissuadidos pelo facto de Berndt ser listado pelo Gabinete para a Proteção da Constituição como um extremista de direita confirmado.

Como sucedera na Turíngia e na Saxónia, confirma-se que Sahra Wagenknecht conseguiu criar um partido do zero que é muito bem-sucedido mesmo sem estruturas estáveis e com um programa difuso.

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