Alemanha: Índice Ifo toca mínimos de 2020 e coloca recuperação alemã em questão

8 meses atrás 69

As dificuldades não param de surgir para a maior economia da zona euro, agora pressionada novamente pelos custos, mas também afetada por greves e pela questão orçamental. Analistas começam a duvidar da recuperação no início de 2024 e admitem mesmo novo ano de crescimento negativo.

A confiança dos agentes na economia alemã voltou a cair inesperadamente em janeiro, batendo mesmo no nível mais baixo desde o verão de 2020, quando a pandemia se fazia sentir em plena força. A curta onda de otimismo no final de 2023 foi interrompida pela pressão renovada criada nas cadeias logísticas com a tensão no Mar Vermelho e pelas dificuldades orçamentais do governo federal, levando à segunda queda seguida da confiança.

O índice Ifo caiu em janeiro de 86,3 para 85,2, um mínimo de seis meses, isto quando o mercado apontava a uma ligeira subida até 86,7. Este índice, referente ao ambiente de negócios na economia alemã, caiu pelo segundo mês seguido, ilustrando o deteriorar da situação no motor industrial europeu.

No detalhe, o subíndice referente às expectativas dos agentes caiu de 84,3 para 83,5, enquanto o relativo à situação atual tocou mínimos de julho de 2020, caindo para 87,0.

A Alemanha vinha experienciando uma ligeira melhoria de alguns indicadores de atividade, dando algum otimismo a analistas e investidores sobre uma possível recuperação já a abrir o ano. Esta leitura interrompe a tendência recente, refletindo o amontoar de problemas na economia alemã.

O ano fechou com a crise energética a estabilizar, depois do disparo agravado com a invasão russa da Ucrânia, mas vários focos de preocupação têm surgido desde então. O orçamento federal foi um deles, com o Supremo Tribunal alemão a decretar que fundos não utilizados aquando da resposta pandémica não podiam ser canalizados para a emergência climática, em parte por violarem as restrições orçamentais do país.

A situação foi resolvida no final do ano passado, mas não conferiu o ganho de confiança que alguns analistas esperavam. Entretanto, os ataques dos houthis no Mar Vermelho têm agravado custos e tempos de entrega para a indústria alemã, fazendo regressar as pressões nos preços. Para piorar as coisas, o país enfrenta também várias greves em sectores-chave, como os transportes.

Perante este cenário, torna-se complicado projetar um crescimento acima de zero para o primeiro trimestre, admite a Pantheon Macro e o banco ING. Ambos convergem na previsão de que a recuperação arrisca ser adiada por mais um trimestre, com os analistas do banco neerlandês a anteciparem mesmo que a economia germânica se arrisca a fechar o ano com novo recuo do PIB, o que marcaria a primeira vez desde o início do século que Berlim regista dois anos seguidos de recessão.

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