Alemanha. Social-democratas conseguem vitória tangencial contra a extrema-direita em eleição regional

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Chefe do governo regional de Brandeburgo, Dietmar Woidke Fabrizio Bensch - Reuters

Contrariamente ao que era indicado pelas sondagens, o Partido Social Democrata (SPD) da Alemanha venceu, no domingo, a eleição regional no Estado de Brandemburgo. A vitória foi tangencial, com o SPD a conseguir apenas uma vantagem de 1,7 pontos percentuais relativamente ao partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Apesar da vitória, os resultados representam apenas um pequeno alívio para o chanceler alemão Olaf Scholz, que tem sido alvo de críticas e de pressão dentro do próprio partido.

Este domingo, todos os olhos na Alemanha estavam postos nas eleições de Brandemburgo, depois de a AfD ter conseguido resultados históricos na Turíngia e Saxónia.

Tudo indicava que o Estado de Brandemburgo seguisse o mesmo caminho – as sondagens assim o indicavam. No entanto, o SPD conseguiu recuperar à última da hora e obteve uma vitória inesperada, ainda que tangencial.

De acordo com os resultados oficiais provisórios da comissão eleitoral estadual, o SPD conseguiu 30,8% dos votos, contra 29,2% da AfD. A Aliança conservadora esquerdista Sahra Wagenknecht Alliance (BSW), um partido pró-Kremlin, garantiu 12% dos votos este domingo. Apesar da derrota, a AfD subiu 5,7 pontos percentuais desde as últimas eleições em Brandemburgo, há cinco anos, depois de, no início deste mês, se ter tornado o primeiro partido de extrema-direita a vencer uma eleição estadual na Alemanha desde a II Guerra Mundial.

Para o SPD, esta é uma vitória inesperada, uma vez que há meses que cai em todas as eleições e a nível nacional atingiu, tal como o chanceler Olaf Scholz, recordes de níveis de impopularidade.

Esta vitória, no entanto, deve pouco a Olaf Scholz e muito ao chefe do governo regional de Brandeburgo, Dietmar Woidke.

No poder na região desde 2013, este social-democrata continua a ser muito popular e transformou o escrutínio num plebiscito sobre a sua personalidade e numa eleição a favor ou contra a extrema-direita, prometendo que se retiraria se não ganhasse as eleições.

Por ter consciência da fraca popularidade de Scholz nesta altura, Woidke decidiu manter qualquer figura de proa do Governo alemão longe da sua campanha eleitoral – apesar de o chanceler e a sua esposa viverem na capital do Estado, Potsdam.

Para além de se afastar de Scholz, o chefe do governo regional de Brandeburgo também criticou algumas das políticas do Governo federal e mostrou-se a favor de uma política de imigração ainda mais restritiva do que a que o Governo tem vindo a seguir, aproximando-se em alguns pontos da política da AfD.
Pequena lufada de ar fresco para Scholz
As eleições em Brandemburgo foram vistas como um referendo ao Governo federal de Olaf Scholz, numa altura em que parece mais enfraquecido do que nunca a nível nacional, um ano antes das eleições legislativas para as quais as sondagens colocam a oposição conservadora na posição de vencedora.

Embora curta, esta vitória regional oferece uma trégua a Olaf Scholz, mas é improvável que os resultados acabem com o crescente debate dentro do SPD sobre se Scholz é a pessoa certa para liderar o partido nas eleições do próximo ano.

Interpretar os resultados de Brandemburgo como um voto a favor do Governo federal é falacioso, dado que os dois parceiros de coligação do SPD (os Verdes e os Liberais) permanecem abaixo dos 5% e, por isso, de fora do parlamento estadual.

A coligação tripartidária está dilacerada por diferenças crescentes. O presidente dos Liberais do FDP, Christian Lindner, não descartou a saída do Governo, esta semana, se os três partidos não conseguirem chegar a acordo sobre as grandes prioridades políticas.

Os conservadores já têm o seu candidato para uma solução alternativa, tendo nomeado esta semana o líder da CDU, Friedrich Merz.

c/ agências

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