Alemanha: SPD ganha eleições em Brandemburgo

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Partido do chanceler alemão, que não esteve presente na campanha, consegue estancar crescimento da extrema-direita. Mas fica nas mãos da extrema-esquerda: coligação com o BSW deve ser suficiente para criar uma maioria.

Os social-democratas do SPD, o partido do chanceler Olaf Scholz, ganhou as eleições em Brandemburgo, relegando para o segundo lugar a extrema-direita da Alternativa para a Alemanha (AfD). O SPD cresceu cerca de 4,5% face às eleições de 2019 – não tanto como os 6% de crescimento registado pela AfD, mas com ambos os partidos a conseguirem mais sete depurados, tendo agora, respetivamente,32 e 30 lugares. O parlamento regional tem 88 lugares (a maioria para governar dá-se, assim, com 45 lugares.

Se os resultados se mantiverem como as projeções indicam, o grande derrotado da noite é a CDU, que perde três deputados, não indo além dos 12 lugares. Em termos de percentagem, o ‘velho’ partido de Angela Merkel perdeu 3,5%. Derrotados foram também os Verdes e o tradicional partido de esquerda, o Die Linke, que arriscam ambos não chegar aos 5% de votos, o mínimo para poderem estar representados no parlamento regional. Os dados mais recentes apontam para percentagens de 4,2% e 3%, respetivamente. Ou seja, a coligação que até agora governava Brandemburgo (SPD, CDU e Verdes), possivelmente não será repetível no novo figurino.

Uma coligação possível será a do SPD com o novo partido de extrema-esquerda, o Bundnis Sahra Wagenknecht (BSW), que, vindo do nada (foi criado há poucos meses), conseguiu 13,3% dos votos, para assegurar o terceiro lugar, entre a AfD e a CDU. Se os resultados se mantiverem, SPD e BSW conseguirão 46 deputados, mais um que o mínimo. Se o SPD optar por este figurino – ou seja, deixando a CDU de fora – isso irá acentuar ainda mais a enorme derrota dos democratas-cristãos.

A CDU nunca alcançou um resultado tão mau em Brandemburgo. Para Friedrich Merz, o recém-eleito candidato a chanceler da CDU/CSU, isso representa uma amarga derrota – que não estaria no seu horizonte político, principalmente depois de o partido se ter ‘aguentado’ na Saxónia e na Turíngia nas eleições regionais de 2 de setembro passado. É certo que ninguém pode culpar Merz pela tão fraca prestação – mas é claramente algo que lhe vai ensombrar o futuro político imediato.

O social-democrata Dietmar Woidke será o próximo governador de Brandemburgo – é-o desde agosto de 2013. Ao estreitar a campanha eleitoral contra os extremistas de direita, impediu que a AfD se tornasse a força mais forte em Brandemburgo, como aconteceu na Turíngia no início do mês. Woidke comemorou a sua vitória contra a AfD: “como tantas vezes na história”, foram os social-democratas “que impediram os extremistas de seguirem o seu caminho para o poder”. Mas, nas últimas semanas, Woidke adotou um discurso conservador de direita: dureza na política de asilo e controlo da imigração estão no seu horizonte. A AfD não terá ganho mas pode dizer, pelo menos, que todos os outros partidos estão agora a adotar as suas políticas de segurança e contra a imigração. É que, para além do SPD, a CDU e o BSW seguem o mesmo registo.

O que Woidke também fez foi manter Olaf Scholz longe da sua campanha eleitoral: o chanceler, que tem a sua popularidade totalmente arruinada, não esteve na campanha – e também não está na Alemanha: terá que comemorar a vitória do seu partido em Brandemburgo diretamente de Nova Iorque, onde está para intervir na 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas.

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