"A Aljazeera condena fortemente o ataque deliberado pelas forças ocupantes israelitas ao carro em que seguiam jornalistas palestinianos", afirmou o canal sediado em Doha, acusando Israel de "violar os princípios da liberdade de imprensa".
Três jornalistas foram mortos hoje na Faixa de Gaza em ataques atribuídos a Israel, incluindo Hamza al-Dahdouh, um dos filhos de Wael al-Dahdouh, o principal correspondente da televisão Aljazeera do Qatar no enclave palestiniano.
Para além de Hamza al-Dahdouh, morreu também na sequência de um ataque em Rafah, no sul do enclave palestiniano, o videógrafo Mustafa Thuraya, que trabalhava para a agência francesa France-Presse (AFP).
Segundo a agência espanhola EFE, foi também morto um terceiro profissional da comunicação social, o fotojornalista Ali Salem Abu Ajwa, num ataque aéreo na cidade de Gaza, no norte do enclave.
As autoridades de Gaza disseram que Hamza al-Dahdouh e Mustafa Thuraya foram mortos quando o carro em que viajavam foi alvejado em Rafah, no sul do enclave palestiniano.
A AFP solicitou uma reação do exército israelita, que pediu as "coordenadas" exatas do ataque.
O governo de Gaza, controlado pelo grupo islamita Hamas, condenou as mortes e denunciou a "tentativa falhada" de Israel de "obscurecer a verdade" ao atacar jornalistas.
"Apelamos aos sindicatos da imprensa e dos meios de comunicação social e às organizações jurídicas e de defesa dos direitos humanos para que condenem este crime e denunciem a sua repetição pela ocupação [israelita]", declarou num comunicado.
Segundo a organização não-governamental Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), 77 jornalistas foram mortos durante a cobertura da guerra, iniciada há três meses.
O CPJ registou também 16 jornalistas feridos, três desaparecidos e 21 detidos.
Já a Campanha do Emblema da Imprensa (CEI), cujo relatório anual foi lançado no início de janeiro, apontava para 81 jornalistas mortos desde o início da ofensiva entre Israel e o Hamas, entre 07 de outubro e 31 de dezembro de 2023.
Na altura do lançamento do relatório, a organização instou as Nações Unidas a avançar com uma investigação independente para descobrir as circunstâncias exatas das mortes dos jornalistas em Gaza.
Por várias vezes, o Governo de Israel foi acusado por organizações internacionais de matar de forma deliberada jornalistas que cobrem o conflito.
Um relatório do CPJ publicado em maio de 2023, antes do início do conflito, concluía que as forças israelitas apresentavam um "padrão" de ataque a jornalistas, com 20 profissionais da comunicação mortos em 22 anos por membros do Exército de Israel.
Um dos casos mais mediático foi o da correspondente da Aljazeera Shireen Abu Akleh, veterana na cobertura do conflito israelo-palestiniano, que morreu em maio de 2022, com o Governo de Israel a atribuir inicialmente a culpa a palestinianos armados.
Investigações dos jornais americanos The Washington Post e The New York Times concluíram que teria sido um militar israelita a disparar contra a jornalista.
A guerra, que se concentra na Faixa de Gaza, começou depois de o Hamas ter efetuado um ataque em solo israelita há precisamente três meses, em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades.
A resposta israelita provocou um elevado nível de destruição de infraestruturas na Faixa de Gaza e uma crise humana de consequências imprevisíveis, com o Hamas a registar mais de 22.800 mortos pelos bombardeamentos de Israel.
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