“Esta quinta-feira à noite, a porta de acesso à Câmara Municipal de Bordéus foi incendiada”, lê-se na conta de Twitter do presidente da autarquia, Pierre Hurmic.
Ce jeudi soir, la porte d’accès à l’Hôtel de Ville de Bordeaux a été incendiée.
Je suis choqué et attristé par un tel acte de vandalisme.
Je condamne avec la plus grande fermeté cette violence qui n’a d’autre sens que celui de s’attaquer à la maison commune des Bordelais.
“Condeno com a maior veemência esta violência que não tem outro significado que não o de atacar a casa comum do povo de Bordéus”, acrescentou o autarca, que, pouco depois, revelou que “a intervenção dos serviços de incêndio e salvamento e dos agentes municipais permitiu conter o incêndio, preservando assim a integridade das instalações”.
O edifício da câmara irá reabrir normalmente na sexta-feira “às horas habituais para garantir a continuidade do serviço público à população”, acrescentou o autarca.Os sindicatos já apelaram a mais protestos na próxima terça-feira, dia em que o rei Carlos III estará em Bordéus.
O ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, tentou dissipar quaisquer preocupações antes da viagem do monarca inglês, afirmando à AFP que a segurança “não constitui um problema” e que Carlos III será “bem-vindo e bem recebido”. Nono dia de protestos nacionais
Na quinta-feira, o país viveu o nono dia de protestos a nível nacional, desde 16 de janeiro, mas o primeiro desde que o Executivo francês recorreu, a 16 de março, a uma disposição constitucional para fazer passar o texto em causa sem votação parlamentar.
Estações de comboio, aeroportos e refinarias foram bloqueados por manifestantes. Os oito principais sindicatos convocaram ainda greves que afetaram vários sectores, em especial os transportes.
Os números da participação nas manifestações que se registaram quinta-feira em França variam consoante as fontes: o sindicato CGT fala na mobilização de 3,5 milhões de pessoas em 300 cidades, ao passo que o Governo diz que foram pouco mais de um milhão, segundo a France Presse; as autoridades policiais afirmaram que 80 pessoas foram detidas em todo o país.Em Paris, onde se manifestaram mais de 119 mil pessoas, a polícia dispersou os protestos com recurso a gás lacrimogéneo. Foram detidas 33 pessoas.
A primeira-ministra, Élisabeth Borne, reagiu no Twitter: “Demonstrar e expressar desacordo é um direito. A violência e a destruição a que assistimos são inaceitáveis. Toda a minha gratidão às forças de segurança mobilizadas”.
Manifester et faire entendre des désaccords est un droit.
Les violences et dégradations auxquelles nous avons assisté aujourd’hui sont inacceptables.
Toute ma reconnaissance aux forces de l’ordre et de secours mobilisées.
Para os sindicatos e a oposição de esquerda, o dia foi um sucesso. No entanto, o futuro dos protestos é uma incógnita. O Governo espera que os protestos vão perdendo intensidade e que a violência afaste a população das ruas. Já a oposição acredita não vão diminuir, mas que os sindicatos terão de conceber uma estratégia para avançar.
Desde janeiro já se realizaram nove dias de protestos nacionais e as forças sindicais apelaram a um décimo na próxima terça-feira.
c/ agências