Alverca de volta aos campeonatos profissionais: «É o lugar de onde não deveria ter saído»

1 semana atrás 44

Entrou com toda a força nos patamares mais elevados do futebol português no final da década de 90, mas desapareceu tão depressa como ascendeu. Um dos «matura talentos» do panorama nacional, revelou nomes como Deco e Bruno Basto, deu espaço a figuras como Hugo Leal, Mantorras ou Maniche, só que nem assim a estabilidade financeira foi garantida. 20 anos depois da queda, as boas notícias voltaram para ficar em Alverca, depois de garantida a subida à II Liga, no último domingo na Covilhã.

Uma longa e penosa caminhada que levou à extinção e posterior reativação nas divisões mais baixas da AF Lisboa, escalões onde se reconfigurou durante 12 épocas a fio. Tempo necessário para curar as feridas deixadas pelo abandono súbito dos acionistas do início do milénio: Sportinveste e Spinel (chegou a ser detentora maioritária da SAD).

Um contexto que nos levou ao encontro de duas das figuras mais marcantes do clube: Ricardo Ramires e Cajú, jogadores com mais jogos e golos da história alverquense. 

Saída de Luís Filipe Vieira: o início da queda do Alverca

«A organização do Alverca nessa altura tinha algumas lacunas, mas o essencial existia e foi evoluindo com a chegada à I Liga. Já era uma referência no futebol português como um clube organizado, mas foi a saída de Luís Filipe Vieira, um presidente com muita sabedoria de organização e com uma estrutura financeira muito forte. Saiu para o Benfica e, passado algum tempo, o clube começou a ter problemas financeiros que originaram a queda  para as distritais», justificou o antigo médio luso Ricardo Ramires.

Ramires em ação contra o Belenenses @Arquivo Pessoal

Para Cajú, o entendimento dos problemas não foi assim tão claro: «Na época, não entendia muito bem o que se passava. Naquela altura já existia SAD... muitos jogadores saíram. Isso foi muito prejudicial. Havia uma transição: alguns miúdos que estavam em projeção, mas não sei explicar. Há muito disso no futebol.»

Antes disso, anos de sucesso estabeleceram-se no Complexo Desportivo de Alverca, em boa medida graças aos golos do avançado brasileiro: «Começámos logo a fazer grandes jogos. Tínhamos vários pontos fortes e éramos respeitados no nosso estádio... É o lugar de onde o Alverca não deveria ter saído [as provas profissionais]. À medida que crescíamos, a massa adepta crescia também!»

Dos indícios de 2018 à «época muito difícil» que se avizinha

Com 222 jogos com as cores alverquenses - sem paralelo na história do clube -, nem assim Ramires se intitulou como «a grande referência» nesse período, mas sim «uma das grandes referências» por força dos «outros grandes jogadores» que por lá passaram. Algo que não o coibiu de analisar o atual momento.

Com 20 golos na Liga 3, João Costa é a grande figura por estes dias @FPF

«Quero dar os parabéns a toda a estrutura do clube e da SAD do FC Alverca, principalmente aos jogadores, treinadores, médicos, fisioterapeutas e técnicos de equipamentos. Perspetivo uma época muito difícil. A mais importante para o clube se afirmar na II Liga com a manutenção num campeonato extremamente competitivo», sublinhou Ramires, atualmente condutor da Uber e empresário na área da saúde.

Para Cajú, a amizade com Deco também coube na viagem ao passado, pouco antes de avaliar o regresso do Alverca aos patamares profissionais: «Viemos juntos para o Benfica, fomos automaticamente cedidos ao Alverca e o nosso relacionamento dentro do campo foi melhorando cada vez mais. Morámos juntos e conseguimos superar a fase difícil que foi a chegada a outro país. Carrego essa amizade no coração.»

Festa da subida confirmada na deslocação à Covilhã @FPF

«Em 2018 estive em Portugal com o presidente Fernando Orge. Entendi o trabalho, havia um projeto em que a intenção era a subida... Não acreditei que seria logo nesse ano, mas acreditei. Pelo investimentos nos jogadores, pela equipa construída o Alverca regressaria um dia», vincou. E, por falar em regresso, para quando uma nova visita ao Alverca?

«Tenho planos de regressar. Acho que vai ser a cereja no topo do bolo de tudo o que vivi no FC Alverca. É importante poder ver com os próprios olhos que estes atletas fazem parte da história e que se sintam importantes, tal como nós nos sentimos na nossa altura», concluiu o agora olheiro do Bahia.

Portugal

Ramires

NomeRicardo Miguel Santos Lopes Ramires

Nascimento/Idade1976-03-22(48 anos)

Nacionalidade

Portugal

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PosiçãoMédio (Médio Direito)

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