Analista considera que Netanyahu "está refém" de ultraortodoxos

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Em declarações à agência Lusa, o também académico da NOVA School of Law de Portugal, sustentou que, por um lado, Netanyahu está a tentar ganhar tempo para tentar resolver a situação militar na Faixa de Gaza, "chegando eventualmente até Rafah", no sul do enclave e próximo da fronteira com o Egito.

"Eventualmente, uma vez estremada essa mesma situação, é muito provável que avance para o norte, para o Hezbollah [sul do Líbano] e, portanto, entre um e outro é preciso tempo. Como pano de fundo temos a eventual eleição de Donald Trump [nas presidenciais norte-americanas de novembro próximo] que lhe pode ser favorável. 

Questionado pela Lusa sobre a intenção de Israel anexar mais 800 hectares de terra no Vale do Jordão, na Cisjordânia ocupada, o que foi defendido por Telavive na passada sexta-feira, Pathé Duarte considerou que a proposta "demonstra um certo atrevimento de Israel".

"Esta proposta demonstra um certo atrevimento por parte de Israel, sobretudo resultado do contexto que neste momento estamos a viver e que pode ser visto como uma provocação e progressivamente pode ir deslegitimando Israel ainda mais aos olhos da comunidade internacional", sustentou.

Sobre o até há bem pouco tempo impensável "braço de ferro" entre Netanyahu e o Presidente norte-americano, Joe Biden, o académico português sublinhou que as razões são várias, destacando o "desacordo absoluto relativamente à forma como Israel está a conduzir a guerra em Gaza". 

"E aqui, naturalmente, está a provocar alguma animosidade com os Estados Unidos. E isso associamos desde logo à apresentação no Conselho de Segurança desta resolução norte-americana, que incluía a exigência de um necessário fogo imediato e sustentado, com uma duração de seis semanas, a libertação dos reféns israelitas, para que Israel permitisse a entrada da ajuda humanitária, mas ao mesmo tempo não apelava que os Estados -membros se organizassem para fazer cumprir aqui a resolução", explicou. 

"Mesmo que isto não tenha sido aprovado, nós olhamos e percebemos que isto é a primeira vez que os Estados Unidos apoiam um apelo das Nações Unidas para acabar com a guerra. Isto dizer que Washington está a fazer uma pressão muito mais substancial sobre Israel, nomeadamente para acabar com a guerra e melhorar a situação humanitária", acrescentou.

Pathé Duarte admitiu que a animosidade entre Netanyahu e Biden pode crescer.

"E aqui, eventualmente, temos de ter isto em consideração, Washington pode utilizar meios alternativos para pressionar Israel a mudar a tática, como abrandar o envio de armas, atrasar a ajuda financeira, ou até, claro, aumentar publicamente as críticas políticas ao governo de Israel. Portanto, parece-me que Washington está cada vez mais decidido a tentar fazer com que o governo aplaque as suas operações militares em Gaza", concluiu.

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