André Villas-Boas: «Criar um lar do jogador longe até da cidade da Maia, para mim, é um erro»

6 meses atrás 91

O projeto da academia é um dos temas que tem marcado as eleições do FC Porto. Pinto da Costa e André Villas-Boas têm visões opostas relativamente ao local escolhido, sendo que este último prefere criar um Centro de Alto Rendimento no Olival, perto do Centro de Treinos e Formação Desportiva que os dragões utilizam atualmente. Esta quinta-feira, o candidato à presidência dos dragões explicou novamente as razões, dando novos detalhes.

Olival: "O nosso objetivo é mover a formação para o Centro de Treinos e Formação Desportiva do Olival. Ou seja, o Olival restam 29 anos no seu aluguer. Terá que ser melhorado nas suas condições para receber toda a formação. Nós no Centro de Alto Rendimento colocaríamos a equipa B, a sub -19 e as equipas femininas profissionais quando lá chegassem, mais o pavilhão para as equipas profissionais. E, relativamente a custo e rapidez de obra, estamos também em polos opostos. Porque construir cinco em vez de 10 é menos custoso. E depois acompanha aqui a necessidade da equipa principal já ter que ter condições de outra natureza que não existem atualmente. Ou seja, o Centro de Treinos e Formação Desportiva do Olival é curto para uma equipa de elite do futebol profissional.

Portanto, a mesma também já está em necessidade de melhoria das infraestruturas. Dessa forma, nós dotaríamos as equipas profissionais, onde se inclui os sub -19, que também formam, que é aquele passo mais difícil que vai do sub-19 à equipa B, da equipa B à profissional, melhores infraestruturas. No campo da formação estaríamos a otimizar o que o Olival oferece. Passo-te a explicar porquê. Quando uma equipa sénior treina, normalmente para proteção do ambiente de treino, há vários campos que estão desocupados. E se imaginares um treino de sexta -feira para um jogo a domingo, uma equipa principal utiliza um relvado."

Planos: "Significa que, no Olival, dois relvados estão por utilizar, o sintético que está por cima destes três está por utilizar e depois normalmente está a equipa B no mini-estádio a treinar ao mesmo tempo, para o treinador chamar os jogadores para se entender. Isto significa que não há uma ocupação dos espaços que permitam a maximização dos mesmos. Quando colocas a formação lá a treinar, rentabilizas todos esses espaços. Portanto, tens dinâmica em termos de treino e depois tens evidentemente o mini-estádio. A ideia relativamente ao Olival é dotar um dos relvados, que em princípio será o sintético, de condições para receber também jogos competitivos.

Portanto, há racionalização de custos, há rapidez de obra. O tema alojamento aqui é muito importante porque é a primeira vez que é levantado em perguntas. Para nós não faz sentido, as famílias já estão atualmente separadas ou a separar-se. O conceito de lar do jogador é cada vez menos comum no futebol moderno. O outro candidato já disse que tinha 70 quartos, agora imagina 70 a 140 miúdos a viverem na Maia, na A3, não existe nada, longe das suas famílias e desarticulado de todo o polo social que é a cidade do Porto. Portanto, o conceito do alojamento do jovem jogador no futebol moderno também já está a mudar. Não é um conceito onde, e o mesmo se passa no caso dos nossos rivais, todo esse conceito começa a desintegrar -se porque afastar jogadores das famílias já é penalizador suficiente. E há cada vez menos tendência para no futebol moderno para colocar os jovens a viver nesse sítio.

Exemplos: "Vou-te só dar um exemplo. O Barcelona construiu a nova La Masia. A nova La Masia, no início, tinha menos de 50% de taxa de ocupação com os jovens jogadores. Construíram-na muito grande e tiveram que ocupá-la agora com jogadores profissionais de modalidades para ocupar e está agora com uma taxa um bocadinho superior. Portanto, onde era suposto receber os jogadores passou a ser utilizado para instalar os jogadores das modalidades profissionais. Isto significa que todo este conceito de afastar miúdos para um sítio onde socialmente há pouco ambiente familiar, da sociedade, de viver em sociedade, é para mim um erro em si. O que o FC Porto tem que construir ou dar continuidade é aos laços familiares, quando eles não acontecem no seio da própria família, dão-se em conceitos de famílias, que é o que fazem em Inglaterra, famílias que estão prontas a receber determinados jogadores.

Evidentemente que há situações onde podes construir outro lar do jogador para receber os miúdos. Se assim o fazes, fazes dentro da cidade do Porto e não afastados a 15 km da mesma, onde provavelmente no seu dia a dia iriam ficar agarrados a isto o dia todo. Portanto, todo este conceito de criar um espaço, um lar do jogador na cidade da Maia, ou longe da cidade da Maia até, para mim também é um erro.

No entanto, digo-te sinceramente, aqui é tendo em conta o atraso, tendo em conta o passivo, a rapidez de obra, unidade, operacionalização e controle de custos, basicamente. Tendo em conta a situação onde o FC Porto se encontra, para mim é um erro. Agora, o que é que esta candidatura sempre fez? Foi tornar aberto as duas soluções. Tomando posse, olha para os dois cenários, contabiliza os dois cenários, evidentemente terá que olhar para os contratos, para as suas cláusulas e decidir o que é que é melhor para o futuro do FC Porto. Neste momento, é bom que se possa viver entre estes dois cenários. Um oferece uma visão, o outro oferece outra."

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