ANTEVISÃO | Checos e com cobertura

3 meses atrás 96

A realidade gosta de jogar ao quebra-cabeças com a memória. Se é verdade que Portugal derrotou a Chéquia nos últimos quatro jogos entre as seleções, não é menos relevante o peso simbólico do chapéu de Karel Poborsky a Vítor Baía naquele verão de 1996

A cada duelo entre os países, lá vem o lamento do São João estragado e da desilusão pelo falhanço da Geração de Ouro no torneio em Inglaterra.

O passado tem um lugar próprio nestas antevisões, deve ser analisado as vezes necessárias, mas não nos pode afastar do essencial: esse trauma já tem 28 anos e está mais do que na hora de lhe dar a relevância que justifica. Uma boa desculpa para contar boas histórias, apenas isso.  

Quase três décadas depois, e de uma forma simplista, é mais do que justo apontar ao crescimento competitivo português (falhou apenas o Mundial de 1998 desde então) e a quebra checa como contraponto. Neste conjunto treinado por Ivan Hasek não há Nedveds, Rosickys ou Smicers, apesar da boa organização e da competência organizativa. 

São, se nos permitem o jogo de palavras, checos com cobertura. Unidos, solidários, capazes de proteger bem a baliza de Stanek. Para a frente, muito está limitado ao que Patrik Schick é ou não capaz de fazer. 

Em Leipzig, Portugal tem a obrigação de entrar com o pé direito. 

Cristiano bisou contra a Irlanda e será titular @Rogério Ferreira / Kapta+

Diogo, Ronaldo e mais nove

Na conversa com os jornalistas esta segunda-feira, Roberto Martínez garantiu a titularidade de Diogo Costa. Apenas e só. Não abriu o jogo em relação às restantes escolhas, muito menos revelou se manterá uma defesa atrás ou se volta ao quarteto defensivo. 

O zerozero arrisca um bocadinho e aposta em Diogo, Cristiano Ronaldo e mais nove. A restante arrumação terá nomes garantidos, mas falta saber em que posição. João Cancelo pode começar na direita ou na esquerda e mesmo Bernardo Silva e Bruno Fernandes são multitasking

A boa dor de cabeça de ter muito por onde escolher. 

Nos poucos minutos de treino aberto em Leipzig, viu-se um grupo de sorriso nos lábios, com vontade de ter a bola nos pés e atirar à baliza. Passará muito por aí a estratégia para derrubar a cobertura checa: saber o que fazer em ataque organizado. 

Como costuma arrancar Portugal? Nós dizemos

Ora, o jogo inaugural tem sempre a sua relevância. Não é determinante, e a Argentina sabe bem isso, mas pode ajudar a indicar caminhos. Portugal até costuma entrar de pé direito nos Europeus, por isso vale a pena voltar a olhar um pouco para o passado. 

Portugal
2 títulos oficiais

No baile de debutantes que foi o Euro84, Portugal segurou a Alemanha no 0-0, tendência repetida com a Dinamarca no 1-1 em 1996. Em 2000, a incrível reviravolta conseguida contra Inglaterra (3-2) marcou uma geração, mas quatro anos depois a Grécia estragou uma tarde de sol no Dragão (1-2).

Avancemos até 2008 e ao 2-0 sobre a Turquia, antes de mais uma derrota a abrir o Euro12 na massacrada Ucrânia: derrota por 1-0 frente à Alemanha.

Falta falar do glorioso Euro16 e do Euro20 jogado em 2021. Em França, Portugal abriu a empatar 1-1 contra a Islândia e no Europeu de 2020 marcou três golos à Hungria: 3-0.

Duas derrotas, três empates e três vitórias nas oito estreias anteriores. 

E agora, senhor Martínez? 

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