ANTEVISÃO | Não congelar a maré favorável

Após o registo imaculado na qualificação para o Euro 2024, com dez vitórias consumadas no mesmo número de embates, Portugal vai receber, na próxima quinta-feira, a Suécia, no Estádio D. Afonso Henriques. Apesar do cariz particular, os pupilos de Roberto Martínez querem certamente dar sequência à maré de positividade que tem circundado a equipa, fruto de exibições com um nível qualitativo bem superlativo.

Sem espaço para quebras

Para além da notória avalanche ofensiva que tem arrastado os adversários, a coesão defensiva merece também ser realçada: nos últimos três duelos, a seleção nacional não conhece o triste travo do golo concedido. Aliás, foram apenas dois os tentos sofridos em todo o Apuramento (!), com a pressão sufocante e organizada implementada pelo técnico espanhol a surtir visíveis efeitos.

A série irrepreensível de triunfos foi fechada com chave de ouro frente à Islândia. No Estádio José de Alvalade, a formação lusitana procurou encontrar rapidamente as redes contrárias, mas, na hora da finalização, a ineficácia acabou por reinar. Bruno Fernandes e Ricardo Horta foram os únicos a rubricar o nome na lista dos marcadores. Os índices exibicionais do segundo tempo não seguiram o poderio do primeiro, algo que deverá ser melhorado em compromissos futuros.

Já os tre kronor deixaram voar o desejo europeu, para total desalento dos respetivos cidadãos da nação. Os dez pontos não foram suficientes para carimbar o passaporte para a Alemanha, com a irregularidade de resultados a ditar um 'adeus' precoce. Contudo, é fundamental não desprezar o talento individual do conjunto nórdico, especialmente do meio-campo para a frente.

Nas alas, a imprevisibilidade de Dejan Kulusevski, através das suas valências no um-para-um, e a inteligência de Emil Forsberg podem provocar múltiplas dores de cabeça. Numa zona mais adiantada, Alexander Isak e Viktor Gyökeres, do Sporting, serão as armas que ficarão encarregues por visar a baliza. Ambos os intervenientes atravessam momentos de forma soberbos, sendo letais nos duelos com os guardiões adversário. Sobre o atleta leonino, já começam mesmo a faltar adjetivos...

Chegou a hora de mostrar serviço

No que toca aos Heróis do Mar, apesar da excelente química coletiva, um jogador em especial tem-se destacado dos demais: Bruno Fernandes. O médio renasceu com a chegada do novo treinador, assumindo de forma exímia a batuta do miolo. Para além de ser o principal pêndulo de ligação, o futebolista do Manchester United apresenta números temíveis quando o tópico é 'contribuições': seis golos e oito assistências para ser preciso.

Na antevisão ao jogo, Roberto Martínez elogiou os estreantes Jota Silva, Francisco Conceição e Danny Mota: «Conhecem bem o meu processo. O estágio foi de alto compromisso e mostraram, no treino, que há competitividade para todas as posições. Não é fácil chegar à seleção, mas gostei muito da personalidade e do respeito». Já Jon Dahl Tomasson apontou a seleção lusa como candidata ao próximo troféu: «Têm uma excelente equipa e, como tal, será um grande desafio para o nosso coletivo. Têm grandes possibilidades de serem campeões da Europa, com bons executantes em todas as posições do terreno.»

Com a ausência de oito peças nucleares, incluindo Cristiano Ronaldo, bem como as mais recentes lesões de Diogo Costa, Raphael Guerreiro e Francisco Trincão, Portugal vai entrar em campo com algumas mexidas circunstanciais: Nuno Mendes, João Neves, José Sá e Gonçalo Ramos poderão ser os elementos com menos utilização que terão uma oportunidade para demonstrar o seu valor no onze inicial.