Antigo campeão de xadrez Kasparov sob ameaça de processo-crime na Rússia

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Uma fonte judicial disse hoje à agência oficial russa TASS que o processo criminal contra Kasparov tem a ver com "evasão dos deveres previstos na legislação da Federação Russa sobre agentes estrangeiros", sem especificar.

"Atualmente, existem todos os motivos" para um processo-crime, acrescentou a fonte.

A violação da lei dos agentes estrangeiros poderá custar a Kasparov uma pena de até dois anos de prisão ou uma coima, segundo a TASS.

A lei obriga os meios de comunicação social e organizações não-governamentais a registarem-se como executores dos "interesses de uma potência estrangeira" se forem financiadas em pelo menos 20% por outro país.

O Ministério da Justiça russo acrescentou Kasparov à lista de agentes estrangeiros em maio de 2022, três meses depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia.

Alegou atividades políticas de Kasparov relacionadas com a Fundação dos Direitos Humanos (HRF, na sigla em inglês), uma organização com sede nos Estados Unidos, de que é presidente.

Kasparov, 61 anos, que reside fora da Rússia, foi considerado como "terrorista e extremista" pelo regime do Presidente Vladimir Putin.

O grande mestre de xadrez tentou desafiar Putin nas eleições de 2008, de que se retirou por ter sido alegadamente impedido de concorrer.

Considerado um crítico fervoroso de Putin, Kasparov retirou-se do xadrez em 2005, "para se dedicar à escrita e à defesa dos direitos humanos", segundo a HRF.

Fundou a Frente Civil Unida, um movimento social destinado a preservar a democracia eleitoral na Rússia, e mais tarde juntou-se à Outra Rússia, uma coligação pró-democracia que se opõe a Putin.

Em 2013, "deixou a Rússia por receio de ser perseguido pelas suas atividades políticas", disse a HRF, que considerou ridícula a designação de Kasparov como "terrorista e extremista".

O regime russo tem usado a lei sobre agentes estrangeiros para silenciar a imprensa hostil e opositores ao Presidente Vladimir Putin.

A maioria pró-Rússia do parlamento da Geórgia anulou na semana passada o veto presidencial de legislação semelhante, a chamada "lei russa", o que valeu críticas da oposição, da União Europeia e dos Estados Unidos, entre outros países.

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