Argélia vai prestar "apoio imediato" à força local - PR  

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"Eles prometeram um apoio imediato para a força local que está a combater o terrorismo", declarou Filipe Nyusi, durante uma conferência de imprensa de balanço da visita de trabalho que realizou à Argélia.

A designada força local é composta sobretudo por antigos guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), que liderou a guerra contra o regime colonial português entre 1964 e 1974, que voluntariamente voltaram a pegar em armas para combater os grupos rebeldes que têm protagonizado ataques na província de Cabo Delgado.

Segundo Filipe Nyusi, a Argélia vai apoiar a força local em equipamento individual, uma ajuda que se espera que chegue em "algum tempo".

"Eles (os argelinos) ficaram sensibilizados quando notaram que alguns colegas (veteranos) combatem o terrorismo sem condições", frisou o chefe de Estado moçambicano.

A força local tem sido um aliado importante nas operações para travar a insurgência armada no norte de Moçambique, com a vantagem de ser integrada por antigos guerrilheiros locais e que conhecem a geografia da região onde o conflito ocorre.

O grupo obedece ao comando das Forças Armadas de Defesa e Segurança de Moçambique e é apoiado pelo Ministério da Defesa, sendo de adesão voluntária por parte de ex-combatentes e outras pessoas que ainda se sentem em condições de voltar a lutar.

A insurgência armada no norte de Moçambique e este movimento voluntário de guerrilheiros desmobilizados que decidem voltar às trincheiras ocorre na província onde a luta de libertação colonial começou em 25 de setembro de 1964, com um ataque a uma posição das forças do regime colonial português no Posto Administrativo de Chai, em Macomia.

Além da força local, a Argélia prometeu treinar as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, mantendo, também, a cooperação entre os dois países na troca de informações no âmbito do combate ao terrorismo, acrescentou Nyusi.

A cooperação mútua entre os dois países está assente no Acordo Geral de Cooperação assinado pelos governos moçambicano e argelino em 11 de dezembro de 1985, em Argel, aquando da visita do primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com o apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED, na sigla em inglês).

Após vários meses de relativa normalidade nos distritos afetados pela violência armada em Cabo Delgado, a província tem registado, há algumas semanas, novas movimentações e ataques de grupos rebeldes, que têm limitado a circulação para alguns pontos nas poucas estradas asfaltadas que dão acesso a vários distritos.

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