As mortes que 2023 devorou e onde não constam os milhões das guerras

8 meses atrás 55

O ano de 2023 foi severo em termos do desaparecimento de figuras de topo dos mais diversos ramos de atividade. Na Europa, e do ponto de vista político, há a lamentar o desaparecimento de Silvio Berlusconi (em 12 de junho) e de Wolfgang Schäuble e Jacques Delors (ambos em 27 de dezembro).

O primeiro marcou as últimas décadas da política interna italiana, mas constituiu também um figurino do que, depois dele, se passou a chamar populismo. Risonho (o riso acabou por fixar-se-lhe na cara depois de intervenções plásticas de gosto muito duvidoso) desconcertante, fiel às suas próprias loucuras mesmo quando estas eram tudo menos aceitáveis, Berlusconi abriu as portas a uma nova direita que está agora sentada no poder.

Wolfgang Schäuble, outro reconhecido conservador, foi o carrasco das economias do sul da Europa quando a crise das dívidas atingiu o seu pico. A sua líder, Angela Merkel, deu-lhe margem de manobra, mas a história, mesmo antes do seu desaparecimento, não absolveu: depois de ter contribuído para ‘incendiar’ a Grécia e de obrigar portugueses e italianos a viver conforme as suas possibilidades, ficou provado que havia caminhos bem menos dolorosos e muito mais eficazes para resolver o problema das dívidas que aquele que o ex-ministro das Finanças propunha. E de que, dizem as crónicas, nunca se arrependeu – apesar de todas as evidências.

Ainda em Itália, desapareceu Giorgio Napolitano (22 de setembro), presidente da República de 2006 até 2015. Foi eleito deputado pela primeira vez em 1953 pelo Partido Comunista Italiano, deputado do Parlamento Europeu entre 1989 e 1992, do qual saiu para presidir a Câmara dos Deputados da Itália. Em 1996 foi ministro do Interior durante o governo do primeiro-ministro Romano Prodi. Foi o primeiro ex-comunista a chegar à presidência, tendo sempre conservado uma aura de equilíbrio político e de moderação sensata que é rara naquele país.

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