Ataque de Israel a banco ligado ao Hezbollah é possível "crime de guerra"

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No domingo à noite, o exército israelita lançou ataques contra a instituição nos subúrbios do sul de Beirute, bem como no sul e no leste do Líbano.

A instituição, que é afiliada ao Hezbollah e alvo de sanções dos Estados Unidos, presta serviços bancários a centenas de milhares de utilizadores.

"Mesmo que, como afirma o exército israelita, a instituição financie de facto o Hezbollah, é improvável que satisfaça os critérios que definem um objetivo militar, em especial no que se refere às filiais que servem clientes civis", declarou a Amnistia num comunicado.

"O facto de estar associado ao Hezbollah não é suficiente para que um edifício civil, ou os civis que nele se encontram, sejam classificados como um objetivo militar", acrescentou a organização não-governamental, que tem sede em Londres.

O ataque às filiais de al-Qard al-Hassan "constitui provavelmente uma violação do direito humanitário internacional e deve ser investigado como um crime de guerra", declarou a Amnistia, que apelou "à abertura urgente de uma investigação internacional".

Nos apelos à retirada da população que precederam os bombardeamentos, o exército israelita acusou a al-Qard al-Hassan de estar envolvida no "financiamento das operações terroristas do Hezbollah".

"As forças israelitas atacaram uma instituição que representa um sustento económico para muitos civis libaneses", afirmou ainda a Amnistia. 

"O apelo à retirada, emitido menos de 40 minutos antes do início dos ataques, mostra como Israel está a desrespeitar o direito humanitário internacional", prosseguiu.

A empresa apresenta-se como uma organizações não-governamental que concede microcréditos a particulares e, em particular, a artesãos e a pequenas e médias empresas agrícolas ou industriais. 

O segredo da sua popularidade passa pela aplicação dos princípios da finança islâmica, que privilegia os empréstimos sem juros.

Hoje, numa conferência de imprensa, o responsável do Hezbollah pelas relações com a comunicação social, Mohammad Afif, garantiu aos jornalistas que a fundação é "uma instituição totalmente civil, registada nos termos da lei". 

"Os seus serviços são oferecidos a todos os libaneses sem exceção", afirmou Afif, que garantiu que a empresa cumprirá, apesar dos ataques israelitas, os compromissos para com os seus clientes.

"Digo, em nome da administração da instituição al-Qard al-Hassan, que esta anteviu os ataques e tomou todas as precauções e fará tudo o que estiver ao seu alcance para respeitar os seus compromissos com os clientes", assegurou o representante.

O fogo cruzado entre o grupo libanês Hezbollah e Israel, iniciado a 08 de outubro de 2023, evoluiu nas últimas semanas para uma situação de guerra, com bombardeamentos constantes das forças israelitas, que também têm efetuado incursões terrestres.

Os ataques israelitas mataram dirigentes de topo do Hezbollah, incluindo o líder do grupo xiita pró-iraniano, Hassan Nasrallah, e provocaram a fuga de dezenas de milhares de pessoas, tanto para outras zonas do Líbano como para a Síria.

O Hezbollah iniciou ataques contra o norte de Israel a partir do sul do Líbano em apoio ao Hamas, um dia depois de um ataque do grupo extremista palestiniano ter desencadeado uma ofensiva israelita na Faixa de Gaza.

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