"A KPMG não se deixa pressionar", disse Inês Viegas hoje na sessão de julgamento.
A revisora oficial de contas tinha sido questionada pelo advogado Paulo Amil (advogado de Pedro Almeida e Costa) sobre uma carta enviada à KPMG pelo administrador do BES Rui Silveira em que este afirmava que "a conclusão da KPMG só pode ser a mesma" da do banco.
Esta questão criou um momento mais emocional na sala, recuando Inês Viegas que tal significasse uma pressão.
Questionada pela juíza se havia algum constrangimento em responder a perguntas sobre essa carta, Inês Viegas recusou, afirmando que nunca a KPMG teve a sua independência em casa.
"Eu não sei porque é que o Dr. Rui Silveira achar por bem escrever isto implica que a KPMG tenha perdido a sua independência", disse.
"Mesmo que ele achasse que era um tipo de pressão, nós não nos sentimos pressionados", acrescentou a revisora oficial de contas.
Já questionada pelo advogado Paulo Amil (advogado de Pedro Costa) sobre se era normal essa relação entre o banco e o auditor externo, Inês Viegas disse não compreender bem a pergunta e que o trabalho é sempre "feito com independência".
Em 2015, na comissão de inquérito ao BES, Inês Viegas disse no parlamento que não foram "claramente" os auditores a falhar e a levar ao desmoronamento do Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo (GES).
"O que falhou? O que posso dizer é que não foram os auditores, claramente", afirmou então, considerando que a KPMG "teve um papel importante" ao alertar para problemas identificados no banco e no grupo.
Ainda hoje, na sessão de julgamento, foi ouvido Ricardo Pires, que foi chefe de gabinete de Pedro Queirós Pereira. Ricardo Pires fez parte da equipa montada por Pedro Queirós Pereira para analisar as contas de empresas do GES e em que concluíram que, tendo em conta a dívida, a Espírito Santo International e a ES Control estavam em situação deficitária.
Ricardo Pires disse ainda que Pedro Queirós Pereira foi ao Banco de Portugal dar conta do estudo, mas que aí não esteve presente, e sobre o que fez o BdP com essa informação disse `não sei`.
Ricardo Pires referiu que o objetivo era "haver um descruzar de participações" entre o grupo Queirós Pereira e o grupo GES, o que acabou por acontecer com a venda de participações entre os grupos deixando um de ter posições em empresas do outro.
A venda dessas posições levou, na sua inquirição, o advogado José António Barreiros (advogado de Manuel Fernando Espírito Santo, primo de Ricardo Salgado) a dizer que para o grupo Queirós Pereira as ações dessas empresas valiam zero e que isso foi dizer ao Banco de Portugal mas que quando foi para vender já valiam.