Aumento dos despedimentos coletivos é preocupante, diz ministra do Trabalho

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Entre janeiro e agosto, 318 empresas avançaram com processos de despedimento coletivo e quase quatro mil trabalhadores foram despedidos.

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho (D), intervém durante a sua audição na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão, na Assembleia da República, em Lisboa, 10 de julho de 2024. ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social considera que o aumento do número de trabalhadores abrangidos por despedimentos coletivos é preocupante e assegura que o Governo “está a acompanhar” a situação.

“É evidentemente preocupante. Os despedimentos coletivos são sempre preocupantes”, afirmou Maria do Rosário Palma Ramalho, à margem da conferência comemorativa do 46.º aniversário da UGT, na Costa da Caparica.

Nos primeiros oito meses deste ano, 318 empresas avançaram com processos de despedimento coletivo que abrangeram 4.190 trabalhadores, dos quais 3.929 foram efetivamente despedidos, segundo os dados Direção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT), avançados pelo Diário de Notícias.

Estes dados demonstram que o número de pessoas alvo de despedimentos coletivos até agosto deste ano já superou o total de 2023. No ano passado, houve 431 empresas a comunicarem despedimentos coletivos envolvendo 3.819, das quais 3.622 foram efetivamente despedidas.

A governante indica ainda que o Governo teve acesso a estes dados “há poucos dias” e está a “acompanhar esse movimento”.

Questionada sobre os eventuais impactos que o encerramento de, pelo menos, três fábricas da Volkswagen (VW) poderão ter em Portugal, nomeadamente devido à Autoeuropa, a ministra do Trabalho indica que “até agora” a fábrica de Palmela “Autoeuropa tem resistido a situações de flutuação de mão-de-obra no grupo” e adianta que “especificamente em relação a esta situação” não teve nenhum contacto por parte da fábrica.

“Mais uma vez vamos monitorizar”, sublinhou.

Já o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) disse que o aumento dos despedimentos coletivos significa que o eixo fraco-alemão está “a dar sinais de fadiga”. “Significa que as encomendas que são feitas às empresas portuguesas não estão a acontecer e isso está a provocar uma adaptação dentro daquilo que é a sua capacidade normal”, explica Armindo Monteiro, aos jornalistas, à margem da conferência da UGT.

Ainda assim, o presidente da CIP acredita que esta situação irá normalizar-se e as encomendas vão voltar a crescer, lembrando que o mercado de trabalho vai “continuar a precisar de pessoas”.

“É sempre um motivo de preocupação”, corrobora o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, sinalizando também que o país tem “uma taxa de desemprego bastante baixa”.

A preocupação é partilhada pelo secretário-geral da UGT que diz também ter conhecimento de “setores que estão a dispensar trabalhadores”, dando como exemplo o setor do turismo e o da restauração.

Também o presidente da Confederação de Comércio e Serviços de Portugal (CCP) admite que, apesar, de não se estar “num período de contração global da economia” há setores que “têm problemas”, o que conduz a “despedimentos e encerramentos de empresas”. Também à margem da conferência da UGT, João Vieira Lopes dá o exemplo do vestuário e do calçado.

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