Autoridades italianas interditam manifestações pró-Palestina no sábado

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"A manifestação tem de ser alterada para outra data", anunciou hoje o chefe da polícia de Roma, explicando que, no quadro do atual conflito entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, a celebração de uma marcha na capital italiana no mesmo dia em que se assinala o 'Shoah' poderia levar a incidentes ou mesmo atos antissemitas.

Também as autoridades de Milão já anunciaram a decisão de alterar a data da manifestação pró-Palestina agendada igualmente para sábado nesta cidade do norte do país, e outras localidades deverão tomar a mesma decisão, após terem sido convidadas na véspera pelo ministro do Interior, Matteo Piantedosi, a considerarem o adiamento das manifestações a favor do povo palestiniano.

A convocação de manifestações pró-Palestina para o Dia da Memória indignou a comunidade judaica, que nos últimos dias exortou as autoridades locais e nacionais a não permitirem a realização dos eventos numa data com tanto significado para Israel e para os judeus, e quando se multiplicam pelo mundo atos antissemitas, devido à operação militar em grande escala que o Exército israelita está a conduzir na Faixa de Gaza, e que já terá provocado mais de 25 mil mortos, na sua maioria mulheres e crianças.

"A manifestação pró-palestiniana em Roma seria uma derrota para todos. Não compreendemos como foi possível autorizarem-na para um dia que é uma efeméride internacional, para mais no contexto do 07 de outubro, um massacre antissemita [pelo grupo Hamas] como não se via desde os tempos dos nazis", declarou, esta semana, o presidente da comunidade judaica de Roma, Victor Fadlun.

Apontando que já se assistiu a "iniciativas semelhantes" à marcha prevista para sábado "degenerarem em manifestações de ódio, apelos à morte de judeus, bandeiras israelitas queimadas e ataques a polícias", Fadlun exortou na quarta-feira as instituições, nacionais e locais, a impedirem o que classificou como uma "vergonha".

"Pedimos responsabilidade e bom senso. As instituições devem tomar a única decisão possível: dizer não à marcha antissemita no Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto", ou 'Shoah' em hebraico, declarou o responsável.

A marcha pró-palestiniana que estava prevista para sábado em Roma tinha sido convocada pelo Movimento de Estudantes Palestinianos - copatrocinada pela União Democrática Árabe-Palestiniana, pela Associação Palestiniana em Itália e pela comunidade palestiniana em Roma -, com o objetivo de denunciar "o genocídio que o povo palestiniano está a sofrer" e "desmascarar todas as inconsistências e hipocrisias de um sistema conivente que emprega dois pesos e duas medidas".

Hoje, depois de já ter sido notificada pelas autoridades policiais da decisão de a marcha prevista para Roma não poder ser celebrada no sábado, a presidente do Movimento de Estudantes Palestinianos, Maya Issa, considerou que "é extremamente grave que a comunidade judaica consiga fazer alterar uma decisão já tomada pela autoridade competente, que tinha autorizado a marcha".

"É uma decisão que aumenta a raiva. Reservamo-nos o direito de decidir se nos vamos manifestar no domingo, dia 28, mas não podemos garantir que as pessoas não saiam à rua amanhã", acrescentou.

Já Victor Fadlun mostrou-se naturalmente satisfeito com uma decisão que considerou "correta e de bom senso", agradecendo "às instituições, a começar pelo ministro Piantedosi e a todos os departamentos do Ministério do Interior, pela sensibilidade demonstrada".

Instituído em 2005 pela ONU, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto coincide com o aniversário da libertação, pelo Exército soviético, do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, em 27 de janeiro de 1945 na Polónia ocupada pela Alemanha nazi, após a eliminação pelo Terceiro Reich de um número calculado em seis milhões de judeus.

Quase 80 anos separam este genocídio da morte, no sul de Israel em 07 de outubro, de cerca de 1.140 pessoas, segundo as autoridades israelitas - algumas das quais sobreviventes do Holocausto -, durante um ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas, que desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza.

O chefe do Governo israelita, Benjamin Netanyahu, descreveu o ataque do Hamas como "uma selvajaria nunca vista desde o Holocausto" e o Presidente israelita, Isaac Herzog, reforçou estas palavras, observando que "nunca foram mortos tantos judeus num só dia" desde o programa nazi de "solução final".

As evocações do Holocausto nunca mais pararam e viraram-se até contra Israel, à medida que as suas forças intensificaram a operação "Espada de Ferro" na Faixa de Gaza, que, segundo o Governo local, controlado pelo Hamas, já provocou mais de 25 mil mortos e uma catástrofe humanitária.

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