Banco Montepio anunciou os resultados anuais de 2023 e reporta um lucro de 28,4 milhões de euros, o que traduz uma quebra de 16,4% face aos resultados de 2022. A rentabilidade dos capitais próprios fixou-se em 9,3%. A receita margem financeira subiu 62,3% para 408,1 milhões.
O Banco Montepio anunciou os resultados anuais de 2023 e reporta um lucro de 28,4 milhões de euros, o que traduz uma quebra de 16,4% face aos resultados de 2022. A rentabilidade dos capitais próprios fixou-se em 9,3%.
A receita margem financeira subiu 62,3% para 408,1 milhões de euros e as comissões foram 5,4% superiores ao registado em 2022 ao cifrarem-se em 127 milhões de euros.
Os Resultados em operações financeiras totalizaram um valor negativo de -26,5 milhões em 2023, observando-se uma diminuição de 38,5 milhões face ao valor relevado em 2022, determinada, essencialmente, pelos menores resultados de reavaliação cambial em 31,1 milhões na sequência da forte desvalorização do kwanza angolano em 2023.
“Os Outros resultados atingiram -5,6 milhões de euros m 2023, evidenciando uma evolução favorável de 9,3 milhões face ao montante registado em 2022 (-14,9 milhões de euros), tendo esta melhoria sido determinada pela redução do custo com as contribuições obrigatórias do setor bancário em 6,6 milhões de euros e pela diminuição do custo com a reavaliação do passivo associado às TLTRO III em 11,9 milhões, não obstante o menor nível de proveitos com a alienação de outros ativos em 21,6 milhões de euros”, avança o banco.
Com isto o produto bancário subiu 36,2% para 503,9 milhões de euros.
Do lado dos custos houve um agravamento de 3,8% para 255,8 milhões. As imparidades para crédito aumentaram 36,3 milhões de euros num ano, para 49,6 milhões.
O agregado das Imparidades e Provisões atingiu o valor líquido de 65,7 milhões em 2023 representando um aumento de 21,3 milhões face ao valor em 2022.
Os custos operacionais incluem o aumento dos custos com pessoal em 1,1 milhões, (que incluem a contabilização de 8,2 milhões, de encargos extraordinários no âmbito do programa de ajustamento do quadro de colaboradores, em comparação com 10,5 milhões, em 2022).
“Excluindo o impacto da contabilização dos custos não recorrentes, os custos com pessoal totalizaram 145,5 milhões, traduzindo o efeito das atualizações salariais e do aumento do quadro de benefícios atribuídos aos trabalhadores”, refere o banco.
O banco destaca a melhoria do rácio de eficiência para 46,2% (face aos 63,2% em 31 de dezembro de 2022).
Em termos de capital, o Banco Montepio regista uma subida de 2,4 pontos percentuais para 16,1% ao nível do Common Equity Tier 1.
“Os rácios Common Equity Tier 1 e de Capital Total (fully implemented) ascenderam a 16,0% e 18,7%, respetivamente, o que representa um acréscimo de 2,8 p.p. e 3,0 p.p. face ao final do ano anterior”, lê no comunicado enviado ao mercado.
No mesmo comunicado o banco destaca que no ano em que celebra 180 anos de existência, “divulga um resultado líquido consolidado de 28,4 milhões de euros e recorrente de 144,5 milhões de euros com referência ao exercício de 2023, representando este último a melhor rendibilidade alguma vez obtida pela instituição e traduzindo um aumento de 110,7 milhões face aos 33,8 milhões registados no final de 2022”.
A evolução favorável dos resultados foi determinada pelo aumento do produto bancário, suportado no crescimento da margem financeira e das comissões líquidas.
No balanço, o banco liderado por Pedro Leitão reporta uma queda no crédito de 2,2% para um total de 11,4 mil milhões de euros (a carteira de crédito diminuiu 260 milhões de euros face a 2022). Do outro lado do balanço, os recursos de clientes subiram 1,9% para 13,37 mil milhões de euros.
Os Depósitos de Clientes atingiram os 13.366 milhões no final de dezembro de 2023, ou seja, mais 251 milhões de euros face aos 13.115 milhões registados em 2022, “materializando o decréscimo dos Depósitos à Ordem (-1.031 milhões de euros) e o aumento dos Depósitos a Prazo (+1.297 milhões), com o mix da carteira de Depósitos à ordem/Depósitos a prazo a evoluir para os 42%/58% no final de 2023, face aos 51%/49% observados no final de 2022”.
No quarto trimestre de 2023, os depósitos de clientes obtiveram uma subida de 500 milhões de euros, “determinada pelos desempenhos favoráveis quer dos clientes particulares (+286 milhões de euros) quer das Empresas (+214 milhões).
O banco da Associação Mutualista Montepio Geral revela que o custo do risco de crédito piorou fixando-se em 0,4%, o que compara com 0,1% em 2022.
Mas o banco destaca a forte redução das exposições não produtivas (NPE) em 251 milhões (-40% num ano), com o rácio NPE (vulgarmente conhecido como de malparado) a fixar-se em 3,2%, comparando favoravelmente com os 5,2% apurados no final de 2022.
O rácio NPE, líquido de imparidade para riscos de crédito, desceu para 0,8%.
O banco destaca o reforço dos níveis de cobertura dos NPE por imparidades para 73,9% (56,1% em 31 de dezembro de 2022) e para 115,1% (100,8% no final de 2022) se considerados os colaterais e as garantias financeiras associadas.
Importante é a redução da exposição ao risco imobiliário em 134 milhões de euros o que traduz um recuo anual de 34%, para um
total de 263 milhões representando 1,5% do ativo líquido (2,1% no final de 2022) e 18,3% dos fundos próprios (29,6% no final de 2022). O banco tem um histórico de perdas com o imobiliário e por isso esta evolução é positiva.
O banco revela que no ano passado fez a otimização da rede de retalho em Portugal com o encerramento de 14 balcões em 2023 (-5,7% num ano) e a redução do quadro de trabalhadores do Grupo Banco Montepio em 423, dos quais 210 (-6,6%) em Portugal, face ao final de 2022.
Em 2023 o Banco Montepio “encerrou com sucesso o programa de ajustamento operacional iniciado em 2020, tendo dessa forma concluído uma remodelação relevante com um impacto estrutural na organização que contribuiu para o aumento do seu reconhecimento perante os seus vários stakeholders e para alcançar progressos significativos na redução dos ativos não produtivos em convergência com o setor, no reforço dos níveis de capital, liquidez e rendibilidade, no enfoque no mercado doméstico e na simplificação do Grupo com a venda do Finibanco Angola e de 100% das ações do Banco de Empresas Montepio (BEM), bem como no crescimento da base de depósitos”, avança a instituição.
“Este progresso em 2023 foi reconhecido pelas agências de rating através da atribuição ao Banco Montepio de sucessivas subidas de notação de risco, com o rating da dívida sénior não garantida a beneficiar de uma subida de dois níveis pela Fitch, mantendo o Outlook (perspetiva) positivo, e de três níveis pela Moody’s e pela DBRS”, sublinha o banco.
No que se refere à liquidez, o banco revela um buffer de 4,9 mil milhões de euros traduzindo uma confortável posição de liquidez. A que se junta um rácio de cobertura de liquidez (LCR) de 233,1%; um rácio de Financiamento Estável (NSFR) de 130,0%; e a redução do financiamento obtido junto do BCE em 2.075 milhões, que inclui amortizações antecipadas num montante total de 1.285 milhões de euros.
Por fim destaca-se que o Banco Montepio procedeu à simplificação da estrutura societária. Com a venda da participação no Finibanco Angola; a venda da participação no Banco Empresas Montepio (BEM) e com a integração de todos os ativos, passivos e operações, “por forma a capturar sinergias e, simultaneamente, preservar e potenciar a proposta de valor integrada de banca comercial e de banca de investimento”.