BCE deixa tudo na mesma nos juros da zona euro

8 meses atrás 55

A decisão era largamente esperada, sendo a terceira vez seguida que o banco central deixa os juros no atual nível recorde de 4,5%. Mercado procura pistas sobre política monetária de curto prazo e BCE tentará afastar a ideia de cortes no primeiro trimestre.

Tudo na mesma nos juros da zona euro depois do Banco Central Europeu (BCE) ter optado por não mexer nas taxas de referência pela terceira reunião consecutiva, que se mantêm assim em níveis recorde. A decisão era já largamente esperada e os mercados estarão mais focados em possíveis sinais quanto à política de curto prazo numa altura em que a zona euro teme nova onda de inflação causada pelos ataques no Mar Vermelho.

A autoridade monetária europeia optou por manter os juros de referência em 4,5%, um máximo desde a introdução da moeda única que se verifica desde setembro, última reunião com mexidas. O mercado tomava já como seguro este resultado, dada a rápida subida dos juros e a descida recente da inflação, que se voltou a aproximar dos 2% de objetivo do banco.

O indicador de preços caiu de um máximo de 10,6% em outubro de 2022 para 2,4% em novembro, antes de voltar a subir para 2,9%, um aumento fruto sobretudo do fim de efeitos base favoráveis. Ainda assim, a pressão nos preços pode voltar a fazer-se sentir, sobretudo dados os ataques dos houthis no Mar Vermelho em resposta à agressão israelita em Gaza, que tem feito disparar os custos do transporte marítimo numa região chave para o trânsito de mercadorias entre a Ásia e a Europa.

Por outro lado, a atividade continua a dar sinais de quebra, mantendo a nuvem da recessão a pairar sobre a economia europeia e colocando o BCE numa posição mais delicada. A questão agora colocada pelos mercados é, portanto, quando arrancará a descida dos juros, uma expectativa que Christine Lagarde, presidente do organismo, tem procurado resfriar.

O mercado aponta a cortes a começar já em março, na visão mais bearish, mas Lagarde sugeriu recentemente que o verão pode significar o arranque desse processo, isto caso os dados o permitam. O BCE tem frisado múltiplas vezes a necessidade de se manter dependente dos dados que forem surgindo e, dada a incerteza atual, essa postura manter-se-á dominante.

Em particular, o banco central deve olhar com atenção para a dinâmica salarial no primeiro trimestre, cujos dados serão conhecidos apenas em maio, levando os analistas a afastar a possibilidade de um corte antes desta data. Lagarde fala aos jornalistas meia hora após o anúncio da decisão de janeiro.

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