O Banco de Portugal (BdP) estima que a economia nacional cresça 1,8% este ano, uma revisão em ligeira alta em relação aos 1,5% projetados em dezembro, com um contributo maior do investimento em detrimento do consumo interno e exportações líquidas. O desemprego também foi revisto em alta, com a inflação revista em baixa para 5,5%.
O banco central divulgou esta sexta-feira as suas previsões atualizadas para os próximos três anos, no Boletim Económico de março, com algumas revisões no cenário previsto.
O crescimento deve ser maior do que anteriormente projetado, chegando a 1,8% apesar de revisões em baixa em vários componentes do PIB. O Governo coloca o motor da economia nos últimos anos nesta componente, contando com o impulso dos fundos europeus, mas a aplicação destes tem vindo a ser sucessivamente criticada pelas demoras.
Nos anos seguintes, a expectativa é que o PIB cresça 2,0% em ambos os anos, acrescenta o BdP.
O BdP explica que a revisão em alta reflete “uma evolução mais favorável das exportações de turismo e, em menor grau, do consumo privado no início do ano”. O crescimento do consumo privado em 2023 foi revisto em ligeira alta, passando de 0,2% para 0,3%, mas o resultado de 2022 foi cortado de 5,9% para 5,7%, com o banco a explicar que tal se deve sobretudo ao peso da subida de juros no rendimento disponível das famílias portuguesas.
Já o investimento é cortado de 2,9% para 2,3% este ano, embora o crescimento de 2022 tenha sido atualizado em alta, de 1,3% para 2,7%. Nos gastos públicos, situação semelhante: a evolução de 2023 é cortada de 1,9% para 1,8%, embora a evolução do ano anterior tenha sido revista em alta de 2,0% para 2,4%.
A componente externa deve contribuir mais do que previsto anteriormente para o crescimento, com uma redução nas importações (de 3,0% para 2,4%) combinada com uma evolução mais positiva da exportações (de 4,3% para 4,7%).
A inflação medida pelo índice harmonizado de preços no consumidor, a medida de referência para as instituições europeias, foi cortada de 5,8% para 5,5%, o que se mantém muito acima do objetivo de médio e longo prazo de 2%.