BE defende que Governo não fez tudo o que podia para apoiar agricultores

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À margem de uma visita a uma escola em Lisboa, Mariana Mortágua foi questionada pelos jornalistas sobre os protestos dos agricultores, começando por sublinhar que este setor tem "enfrentado enormes dificuldades" que são de várias ordens.

"A questão aqui é se o Governo fez o que podia ou não fez o que podia para apoiar os agricultores que estão a enfrentar custos imensos e que têm uma atividade que tem que ser apoiada e desenvolvida no país. Para o Bloco, não fez, e para os agricultores, claramente não fez e, portanto, acho que é preciso ouvir as pessoas, perceber quais são os problemas e encontrar respostas", criticou.

Referindo que o partido tem alertado "há muito tempo" para os desequilíbrios na forma como são dados os apoios neste setor, a líder bloquista defendeu ser "preciso revisitar este modelo de financiamento e compreender que é preciso apoiar os pequenos agricultores, os médios agricultores, mas também adaptar a agricultura às alterações climáticas".

"Se queremos que esta transformação se faça, é preciso apoiar o setor agrícola e o que não se compreende é porque é que esses apoios ficaram em causa, embora agora o Ministério tenha dito que vai libertar mais uma verba", referiu.

Para Mortágua, "é sempre curioso perceber porque é que um governo de gestão liberta algumas verbas e não liberta outras, pode fazer umas coisas, mas não pode fazer outras".

"O que parece é que o Governo está a fazer uma gestão aleatória das suas capacidades enquanto Governo de gestão para responder a algumas reivindicações e outras não e eu penso que é preciso clareza com quem se manifesta e as manifestações que temos feito nos últimos tempos são justas", disse.

Sobre os motivos que levam a esta gestão aleatória de que acusa o Governo a coordenadora bloquista remeteu essas explicações para o executivo socialista, identificando apenas este padrão.

"Há alturas em que é dito que não é possível fazer nada porque o Governo está em gestão, há alturas em que o Governo está em gestão, mas é possível fazer coisas", criticou.

Quanto às dificuldades que o setor da agricultura enfrenta, Mortágua enumerou "um problema com a grande distribuição que comprime as margens" dos agricultores e que deixa "muitos custos e muito poucos lucros para os agricultores".

"Em segundo lugar, há custos muito acrescidos com a seca, nomeadamente, e há necessidade de transformar a própria forma como se produz para uma adaptação às alterações climáticas e sabemos que a distribuição dos apoios que está a ser feita não é uma distribuição equilibrada porque os grandes proprietários de terra recebem uma proporção desequilibrada dos apoios à agricultura, deixando a maior parte dos agricultores sem o apoio que deveriam ter", elencou ainda.

Os agricultores estão hoje na rua com os seus tratores, de norte a sul do país, reclamando a valorização do setor e condições justas, tal como tem acontecido em outros pontos da Europa.

O protesto, uma iniciativa do Movimento Civil de Agricultores, decorre um dia depois de o Governo ter anunciado um pacote de mais de 400 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).

O pacote abrange entre outras, medidas à produção, no valor de 200 milhões de euros, assegurando a cobertura das quebras de produção e a criação de uma linha de crédito de 50 milhões de euros, com taxa de juro zero.

Segundo um comunicado divulgado na quarta-feira pelo movimento, os agricultores reclamam o direito à alimentação adequada, condições justas e a valorização da atividade.

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